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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
29/05/2011 | A corrupção que nos assombra.
Bons tempos eram aqueles em que a corrupção era uma atividade longínqua, coisas de Brasília e pouco noticiada. Era uma ignorância que não nos entristecia e nos dava a sensação da bondade dos políticos que nos rodeava. Pagávamos caro, mas éramos felizes. Bons tempos os da ditadura em que a Transamazônica nos era vendida como uma obra colossal que integraria o Brasil à parte que era quase abandonada. Que a Ponte Rio-Niterói e Usina de Itaipú, entre as maiores do mundo, nos enchiam de orgulho e alegria. Ai de quem resolvesse meter o pau nessas falácias: morria desacreditado. Agora é tudo diferente. A corrupção está em todos os cantos. Em todas as áreas. Está pertinho da gente. Não se passa uma semana sem que um novo caso venha a público, seja pela verve investigativa dos nossos jornalistas ou pelas iniciativas da Policia Federal ou do Ministério Público. Tem gente que mama nesse país, estados e municípios que não acaba mais. Mamam com gosto, sem dó, nem piedade. Desconfio que essa gente começa a sentir pulgas atrás das orelhas. Um dia, o mel, noutro, o fel. Quem sabe! Mas que ninguém espere, tão depressa, pelos corruptos afugentados. Eles não são nada bobos. Integram, aliás, grupos de inteligência, tanto nos organismos governamentais, como nas empresas fornecedoras de bens e serviços. Sabem envolver certos fiscalizadores, ministério público e magistrados. Ao custo de boas propinas. Falta nessa gente, só dignidade. Para eles, ao aceitarem as ofertas das empresas, além do bolso recheado, a consciência as recebe como paga pelas dores de cabeça adicionais. Alguns acham que o povo merece passar por isso, pois é infiel, critica tudo, e por mais que se faça o povo nunca ficará contente. Para essa turma, político que sai do governo com uma mão na frente outra atrás é, seguramente, tonto. O pior dessa história é que povo peca na essência. É dele que se originam os corruptíveis e os corruptores. É dele a ação passiva diante dos desatinos. É dele a boca silente diante dos fatos observados ou conhecidos. Que me perdoem os encarapuçados. Assim não dá! O sistema “corrupcional” brasileiro evolui a passos largos. Na medida em que se fecham algumas portas, outras são, imediatamente, abertas, inescrupulosamente. Não existe setor ou contribuintes privilegiados. Vão da saúde à educação, da habitação ao transporte coletivo, da conservação urbana ao meio ambiente. Não há fronteiras. O sistema é bastante conhecido. Começam na licitação, nos editais direcionados, nos convites encomendados, pareceres ajustados etc.. A falta de remédios, por exemplo, pode estar associada a uma compra superfaturada, resultando em quantidade menor à necessidade ou datas de validades expiradas rapidamente. Nas merendas escolares, uns oferecem alimentos de péssima qualidade, outros, dada a dificuldade de monitoração, superfaturam. Um dos indícios desse procedimento é a recusa dessas empresas em comprar na cidade - na mesma que consome - fator que seria um entregador das estimativas reais comparativas. Na coleta do lixo, um grande paradoxo, enquanto a sociedade deveria caminhar para a redução do volume depositado nos aterros sanitários, as empresas contratadas tentam bater recordes de coleta, todos os dias, elas ganham por tonelada coletada. Às vezes o caminhão carregado passa mais de uma vez na balança ou emitem prontuários para as vistas grossas. Na limpeza pública cobra-se por área coberta e não, necessariamente, pela limpeza efetiva. Estabelecem-se quatro funcionários por quadra na planilha, colocam-se dois efetivos ou um ou nenhum de vez em quando. Na habitação, casas de 20 são construídas por 50. Respeito ao meio ambiente? Polui-se rios, o ar fica impregnado de carvões, matas são devastadas, loteamentos aprovados ilegalmente, empresas instaladas sem cumprirem todas as formalidades legais. Cegueira, incompetência ou gorjeta compensadora? As comissões recebidas são cobradas a título de contribuição para as futuras campanhas eleitorais. Parte delas recebe, de fato, essa destinação. Ou seja, é a corrupção garantindo a continuidade da corrupção. Morro de vergonha em pensar que no meu país é assim que a coisa funciona. Mas, a cada dia que passa a gente fica mais esperto, cerca melhor o frango, complica a vida dos corruptos e das empresas corruptoras. Um dia, as pessoas jurídicas e físicas comprovadamente envolvidas nos desvios de dinheiro público integrarão uma espécie de lista de maus brasileiros. O país deve ficar melhor.
Fonte: Nino Marcatti

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