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Itapira, 23 de Abril de 2024
Artigo
12/09/2010 | A REVOLUÇÃO DOS BICHOS

“Lembro-vos também de que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai-lhe os vícios. Animal nenhum deve morar em casas, nem dormir em camas, nem usar roupas, nem beber álcool, nem fumar, nem tocar em dinheiro, nem comerciar. Todos os hábitos do Homem são maus. E, principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos.”

O dono do Sítio Solar, Sr. Jones, todo-poderoso, trancou o galinheiro e foi dormir. Major, o porco mais velho, chamou todos os animais e contou seu sonho de como seria o mundo sem o Homem. Profetizou a necessidade dos bichos assumirem o controle das próprias vidas e proclamou o fim da tirania dos homens. Rapidamente, os bichos foram envolvidos pelos ideais revolucionários e cantaram um hino. Sr. Jones acordou com a barulheira e disparou uma carga de chumbo. A cantoria sossegou.

Dias depois, Major faleceu. A sua morte construiu um mito e as suas palavras ressoaram entre os animais mais inteligentes do sítio. Os bichos mais conservadores preferiam o dever de lealdade ao medo da incerteza.

A revolução duvidosa ocorreu mais cedo do que era esperada. Expulsaram o Sr. Jones, seus familiares e todos os trabalhadores do sítio e reorganizaram o funcionamento da propriedade. Os porcos lideravam, dirigiam e supervisionavam o trabalho dos outros. Os demais cuidavam do plantio, da colheita e dos outros afazeres.

Os porcos Bola-de-neve e Napoleão se destacaram e dividiram o poder, em posições contrárias. Os demais bichos aprenderam a votar, mas não conseguiam formular propostas e apresentar alternativas. Obedeciam.  

O Sr. Jones tentou recuperar o sítio, mas foi vencido pelos bichos na “Batalha do Estábulo”. Bola-de-neve e Sansão foram condecorados por bravura. Mimosa fugiu para o sitio vizinho pelos mimos oferecidos por um humano. Surgiu a idéia de construção de um moinho de vento... Os animais se dividiram com a perspectiva do novo.

Bola-de-neve e Napoleão montaram seus palanques e as suas campanhas políticas. Bola-de-neve, com suas propostas e história conquistava os animais, mas os cães de Napoleão, criados em segredo, expulsaram Bola-de-neve do sítio. Napoleão assumiu o poder.

Os bichos trabalhavam mais e se alimentavam menos do que nos tempos do Sr. Jones. Os porcos comerciavam a produção, residiam na casa sede, dormiam nas camas, usavam roupas, embebedavam-se, relacionavam-se com homens... O fiel escudeiro de Napoleão, o porco Garganta, ludibriava os incautos, enquanto que os que conseguiam ler e interpretar o desvirtuamento das Leis omitia-se. As reuniões de domingo passaram a ser proibidas e o hino, censurado. Todas as condecorações, todos os créditos, eram dadas ao líder. Enquanto os outros animais passavam por privações, os porcos eram agraciados com os privilégios do poder. Todos os amigos e parentes, acomodados.  

“As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível distinguir quem era homem, quem era porco”.

O texto acima é um resumo rasteiro, para não dizer porco, do livro de George Orwell, “A Revolução dos Bichos”, que esta semana comemorou sessenta e cinco anos de publicação.  Uma sátira sobre a corrupção do poder. Leitura salutar em tempos de eleição.
Fonte: Nino Marcatti

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