O grupo governante atual foi eleito graças ao discurso mudancista daquilo que se apregoava como incorreto nos governos anteriores. Prometeu-se democracia, transparência, diálogo, lisura político-administrativa e qualidade ímpar dos serviços que seriam prestados.

O prefeito Toninho Bellini integra, desde o princípio, o Partido Verde que postula ser um instrumento da ecologia política, a serviço do avanço das idéias e programas de proteção ambiental. Talvez, por isso, o prefeito pevista envolveu-se, com dedicação e afinco, na estruturação do Consórcio Intermunicipal de Saneamento Básico do Circuito das Águas Paulista e Região e da implantação da política regional de resíduos sólidos projetada para os próximos cinco anos.

Itapira conta com o Conselho Municipal do Meio Ambiente, composto paritariamente por representantes do poder público e sociedade civil, pessoas despertadas para a importância preservacionista ambiental, que em nenhum momento mostraram-se radicais nas decisões, buscando sempre o consenso e as melhores soluções. Um grupo que tem clareza de que o cuidado com o meio ambiente passa pela educação e pelo envolvimento da comunidade. O Condema trabalhou os últimos cinco anos na construção, aperfeiçoamento e aprovação do Código do Meio Ambiente. Um marco regulatório importantíssimo para o município. Talvez uma das maiores contribuições dessa administração à cidadania itapirense.  

Diante desse introdutório, a indicação de que o prefeito Toninho Bellini, no momento em que lhe fosse exigido, saberia conduzir, de forma apropriada, as discussões a respeito da licitação para a contratação dos serviços de limpeza pública e coleta do lixo, parecia evidente. 

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada no ano passado e já regulamentada, estabelece que os planos municipais devam estar prontos até o ano que vem. A PNRS busca aumentar a reciclagem, reduzir drasticamente a quantidade de rejeitos encaminhados aos aterros sanitários e influenciar, progressivamente, os modos de consumo da população. A depender da vontade do prefeito pevista e dos ditames da peça licitatória, Itapira não estará integrada ao esforço nacional exigido por essa lei.

Só para exemplificar, apesar do gabinete e secretarias saberem que o pagamento adequado dos serviços de coleta de lixo deveria ser por equipe, donde é mais fácil quantificar o trabalho realizado e, principalmente, desenvolver a consciência reducionista e recicladora, optou-se pelo sistema vigorante, por tonelagem, cujo interesse maior, da empresa contratada, será bater recordes de pesagens, todos os dias. Sem falar, que apesar da coleta seletiva desenvolvida pela Sanepav não atender a cidade da forma necessária, optou-se pela manutenção de apenas uma equipe, com um motorista e dois coletores. Parece piada, mas o assunto é sério. Não ria.

No Brasil, o advento das terceirizações, principalmente, no campo da merenda, transporte e lixo, entrou nas ocorrências policiais. Pessoas são perseguidas e mortas. Notícias dão conta de que uma vez nesses sistemas é difícil sair. Algumas empresas se organizam em rodízio para participarem das licitações. Outras criam firmas-espelho para continuarem roendo o osso a despeito das decisões administrativas e judiciais.  

Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver. Há quem diga que o pior cego é aquele que acredita que vê.