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Itapira, 20 de Abril de 2024
Artigo
02/05/2012 | Clovis Akira: A Dura vida de um cadeirante
Horário de almoço – a cidade fica bem movimentada, com uma circulação de pessoas muito grande próximo a restaurantes, lanchonetes e praças que ficam perto dos centros comerciais.
Em uma dessas ruas movimentadas, presenciei uma jovem cadeirante, driblando os obstáculos na calçada, que não eram poucos: buracos, desníveis, postes e muita mais muita gente andando apressadamente que nem ao menos se preocupa em dar preferência a jovem deficiente.
Apesar de toda dificuldade, a jovem tinha em seu rosto uma expressão alegre, pois acredito que já devia ter sofrido muito com seu problema, e esse era só mais um dos seus obstáculos, que um deficiente físico enfrenta diariamente.
Ela parou em frente a uma doceria, que exibia em sua vitrine várias delicias: bolos, doces, salgados, tudo muito bem exposto, despertando a atenção de que passa em frente a loja. Aí começa o seu drama, a loja assim como a maioria dos estabelecimentos comerciais não dispõem de acesso a pessoas com mobilidade reduzida, e apresentava um degrau que impossibilitava o seu acesso à loja. Ela chamou uma atendente e disse que gostaria de provar um doce, mas como não dava para entrar, pediu que lhe trouxesse seu pedido, e iria comer ali fora mesmo, pois a loja estava lotada e a cadeira de rodas iria atrapalhar os outros clientes. Eu estava ali em frente, e ao ouvir isso prontamente pedi para a atendente da loja segurar a cadeira de um lado e eu peguei do outro lado, erguendo-a e colocando-a para dentro da loja. Ela nos agradeceu entusiasmadamente, exibindo um largo sorriso. Aproveitei para conversar um pouco e saber das dificuldades de um cadeirante e ela me explicou que é impossível andar pelas ruas sozinha, são vários obstáculos, não há acesso para cadeirantes em nenhum lugar, alguns ônibus dispõem de elevadores, mas é muito difícil chegar até o ponto com calçadas esburacadas, postes e uma série de obstáculos pela frente. Até para pegar um taxi, é preciso muita paciência para esperar um carro que tenha um porta malas grande que caiba a cadeira de rodas, e ainda por cima a corrida fica mais cara, pois os taxistas cobram mais por estarem utilizando o porta malas.
Revoltante essa situação, muito se fala em mobilidade, acesso a deficientes, mas nas periferias e nas cidades menores, não há um mínimo de infraestrutura aos deficientes físicos.
Há alguns anos atrás, quando eu morava no Japão, sofri um acidente jogando futebol, rompendo o tendão de aquiles. Passei por cirurgia e fiquei dois meses sem andar, usando cadeira de rodas e muletas.
Em qualquer estabelecimento, seja comercial ou órgão público, dispõem de cadeira de rodas, que ficam bem na entrada. Quando íamos da um restaurante, era só parar bem em frente à entrada, onde ficam as vagas preferenciais para idosos e deficientes, e pegar uma cadeira de rodas, prontamente um dos atendentes do estabelecimento já vem correndo para ajudar, e levar a gente para dentro. Os estabelecimentos também contam com banheiros exclusivos para cadeirantes, e nos órgãos públicos, estações de trem e metrô, terminais de ônibus, todos são equipados com elevadores para o acesso a cadeirantes.
As calçadas das ruas são perfeitas, sem nenhum buraco e livre de obstáculos e com um espaço suficiente para comportar uma cadeira de rodas, todas com desníveis nos cruzamentos, formando uma pequena rampa.
Esse respeito aos deficientes vem desse a escola primária, onde não há distinção entre alunos, todos estudam juntos na mesma sala, sejam portadores de deficiência ou não, despertando assim nas crianças esse espírito de solidariedade ao próximo. Também frequentemente os professores realizam atividades em que as crianças vão para as ruas, um grupo em cadeira de rodas, outro com olhos vendados, para vivenciarem as dificuldades de uma pessoa portadora de deficiência física.
Meu horário de almoço terminou, e aquela jovem ainda permaneceu na doceria. Certamente ainda vai precisar de muito esforço e a ajuda de outros para retornar a sua casa.
Se você como eu se sensibilizou com os problemas enfrentados pelos deficientes físicos, e quer ajudar ou saber mais sobre o assunto, então conheça a “Papet”, uma instituição que presta apoio a crianças deficientes nas áreas de psicologia, fonoaudiologia e fisioterapia. Procura também integrar os portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho e na sociedade.
A “Papet” necessita urgente de voluntários na sua sede em São Paulo, venha fazer parte deste projeto, doado um pouco de seu tempo.
Contato:
Tel: (11) 3854-4094
 
Fonte: Clovis Akira

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