Está em gestação a Fundação Jacomo Mandato. Na maioria dos casos, quando se atribui o nome de uma pessoa a uma rua, praça, edifício, instituição etc. o intuito é prestar uma merecida homenagem. Algo como uma espécie de agradecimento, “post mortem”, para aqueles que contribuíram para o desenvolvimento humano, social, econômico, esportivo ou cultural da comunidade.     

Para muitos, a apresentação do Mestre Jacomo Mandato seria totalmente dispensável. Mesmo assim, é salutar e pedagógico, principalmente para os mais jovens, um pequeno passeio sobre esse cidadão impar da sociedade itapirense.  Jacomo historiador, escritor, jornalista, poeta, documentarista, político, benemérito, filho de italianos do vêneto estudou até o quarto ano primário. O resto aprendeu sozinho, como autodidata mergulhou nas letras, na gramática e na imaginação.

Fundou, com amigos, a primeira agremiação cultural da cidade intitulada “Grupo da Pedra”. Ajudou a criar o Centro Itapirense de Cultura e Arte, o Cine Clube Itapirense, a Sociedade Amigos de Itapira, o Memorial Casa de Menotti Del Picchia e o Circolo Italiano. Participou de inúmeras entidades e instituições da cidade.

Abraçou a obra de Menotti Del Picchia como ninguém. Escreveu assuntos variados para vários jornais locais, regional e nacional. Durante toda a sua vida garimpou a história do município, reuniu documentos, objetos e fotografias culminando no maior acervo histórico do município. Da sua pena foram publicados inúmeros ensaios, artigos e os livros: “Relíquias da terra natal", “Testamento”, "Brava Gente Italiana!" volumes I e II, "Um Mergulho no Atlântico das Cartas de Mário de Andrade", "História Ilustrada de Itapira", "O Papa Verde-Amarelo", "Joaquim Firmino - O Mártir da Abolição", "História Ilustrada de Itapira, volumes I, II e III, e "Rua da Palha: a minha Avenida Rio Branco".

O grande legado de Jacomo Mandato está na semente que ele plantou. Foi o primeiro itapirense a desencravar as nossas origens, a contar a nossa evolução como sociedade, a colocar em nossa boca a palavra “preservação” num tempo em que ela não era moda, nem tinha lei que a disciplinasse e muito menos fiscalização para que ela fosse cumprida. Jacomo brigava com Deus e todo mundo para segurar os nossos prédios históricos ou qualquer coisa que mantivesse vinculo com os nossos antepassados. Muitas vezes, talvez a maioria, pregava no deserto. Mas não esmorecia.

O grande mestre é aquele que deixa bons discípulos. E nesse quesito, Jacomo Mandato também é reconhecido. Quantas cidades brasileiras ostentam cinco ou seis pessoas, simultaneamente, que gostam de escrever sobre a história da cidade e publicam-na nos jornais, sites e blogs? Sem falar na legião de simpatizantes da causa, conhecidos e desconhecidos.

Do broto nascido em 1933, Itapira vislumbra, hoje, a Fundação Jacomo Mandato que criará e manterá um Centro de Memória como guardião dos acervos históricos da cidade, catalogados, digitalizados, restaurados e, organizadamente, arquivados e conservados. Um Centro difusor e valorizador da história de todos nós, desde os primeiros registros.

Dar o nome de Jacomo Mandato a essa fundação não será mais uma homenagem, dentre tantas que ele recebeu. Será a certeza de aquilo que ele fez, praticamente sozinho, uma legião dará sequencia à “prole”. No dia 25 de setembro, se tudo correr como planejado, será lançada a “pedra fundamental” da Fundação Jacomo Mandato. Não rememoraremos, então, o terceiro ano da sua morte. Comemoraremos, pois, a sua ressurreição.