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Itapira, 26 de Abril de 2024
Artigo
26/08/2013 | Luiz Santos: A Igreja e a Pátria

Como é feliz o povo assim abençoado! Como é feliz o povo cujo Deus é o Senhor!” (Sl 144:15)

O Reino de Deus e a Igreja não se identificam com nenhum projeto de nação alguma. Contudo, desde os dias de Constantino a Igreja é tentada a tomar parte nos projetos expansionistas e imperialistas das nações. A Igreja serviu muitas vezes de plataforma política para sustentação de ideologias desumanizantes que alimentavam o ego e a ganância de reis, príncipes e Estados. Aqui, católicos e protestantes se equivalem. Muitas vezes confundiram o Reino de Deus e a Missão da Igreja com os seus sonhos de conquista.  Espanhóis e Portugueses servem de exemplos católicos, enquanto Ingleses, Americanos e Holandeses servem de modelos protestantes. A rota comercial misturou-se à rota do Evangelho. Nas caravelas portuguesas, nos galeões espanhóis ou nas modernas embarcações da Companhia das Índias Orientais Inglesas, em seu bojo as mercadorias se misturavam, sedas, especiarias, ouro, madeira, religião, Bíblia e sacramentos. Claro, inequivocamente Deus serviu-se destas coisas. Deus permitiu que assim acontecesse para a expansão mais rápida do Reino e o alcance mais rápido do Evangelho tanto quanto hoje Ele se serve e permite as Redes Sociais. Todavia, sempre que houve uma identificação absoluta e muito estreita entre Igreja e o projeto de uma Nação, a Igreja comprometeu a sua missão, perdeu um tanto de sua autoridade, viu-se menos digna e menos capaz de comunicar aquilo que crê, razão da sua existência no mundo. Parafraseando Martin Luther King, “a Igreja não se serve e não serve ao Estado, antes, ela é sua consciência.” Quando olhamos para as Escrituras vemos o papel desejado por Deus desde sempre para o seu povo. As emblemáticas figuras de Elias, Samuel, Natan, Jeremias, Amós, o Senhor Jesus e Paulo nos ensinam qual seja o papel da Igreja numa saudável e necessária relação com o poder: Ser a sua consciência! Penso que a Igreja Cristã nestes dias em que celebramos a pátria deveria refletir qual seja de fato a sua mais indispensável missão frente ao Estado brasileiro e suas autoridades: 1. Lembrar-lhes constantemente a origem de seu poder. O voto popular é apenas um instrumento. Deus, Ele sim: “Ele muda as épocas e as estações; destrona reis e os estabelece” Dn 2:21; 2. Recordar-lhes que nenhuma autoridade possui origem na pessoa ou no cargo. Toda autoridade procede de Deus e está a seu serviço: “Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos” Rm 13:2; e “Por meu intermédio os reis governam, e as autoridades exercem a justiça” Pv 8:15; 3. Lembra-lhes que foram estabelecidos por Deus para conduzirem o povo pelos caminhos da verdade e da justiça. Foram estabelecidos como padrão de ética e de conduta: “Então eu lhes darei governantes conforme a minha vontade, que os dirigirão com sabedoria e com entendimento” Jr 3:15; 4. Apresentá-los dia e noite a Deus em oração para o bom cumprimento da missão que receberam: “intercedam pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade” 1 Tm 2:2; 5. Lembrar-lhes que nenhuma corrupção, nenhum ato de desmando, mentira ou iniquidade, nenhuma aprovação de leis estranhas ou ofensivas a Deus e à dignidade humana ficarão impunes. Os “políticos” dos tempos bíblicos experimentaram isso. Mudou o regime de governo. Mudou a classe política. Deus e suas leis permanecem de eternidade a eternidade. Que o digam governadores e autoridades nas Escrituras: Saul, Jeroboão, Azarias, Roboão, Ezequias, Acab, Jezabel, Herodes, Pilatos e etc. O Estado é laico e assim deve ser. É laico, mas não é ateu. E ainda que o fosse, o fato de alguém não crer em Deus não muda o fato de que Ele é Deus, que existe soberanamente. A Igreja não deve se intrometer na administração pública, nos negócios do Estado. A Igreja não deve ensinar como se faz política, quais melhores estratégias ou alianças. A Igreja não apresenta candidatos e nem se opõe a eles. A Igreja não é situação ou oposição. Ela deve tornar-se uma reserva ética e moral e levantar a sua voz sempre que a justiça, a verdade e a equidade sofrerem prejuízo. Ela apoiará tudo quanto da parte do Estado e da Nação honre a Deus e promova a dignidade do homem e da mulher. Ela clamará profeticamente sempre que Deus for ultrajado e a imagem dele for abandonada e aviltada no homem e na mulher marginalizados. Oremos pedindo a Deus que abençoe, guarde e faça prosperar o nosso amado Brasil.

Reverendo Luiz Fernando

Pastor da Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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