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Itapira, 23 de Abril de 2024
Artigo
15/11/2012 | Luiz Santos: Igreja Desnecessária

Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8.12)

O filósofo francês Gilles Lipovetsky, conceituadíssimo intelectual e pensador contemporâneo, diz que viramos uma página da história da humanidade. Vencemos os dias da pós-modernidade, o contexto cultural de forte reação à modernidade e à autonomia da razão e do cientificismo, com sede de experiências emocionais e transcendentais. Para Lipovetsky chegamos aos dias da “HIPERMODERNIDADE”. Nesta nova etapa da história da humanidade, o espectro cultural é carregado de exacerbações e muito exagero. São muitos os edifícios nas cidades e cada vez mais altos e com arquitetura cada vez mais arrojada. São muitos os carros pelas ruas, em muitos lugares quase um carro por habitante. Cada vez mais há uma massiva ocupação das cidades, é muita gente no mesmo lugar.

Outra marca da hipermodernidade: O consumo pelo consumo. Viver é consumir. O consumo tornou-se uma poderosa droga contra a depressão, as tristezas e os dissabores da vida. Consumir é viver! O luxo, a ostentação, o culto às marcas e a grife, a possessão de tais bens parece conter a senha para sentir-se parte do todo. E quanto mais evidente for a exposição do luxo, mais sinais de identificação com a civilização uma pessoa transmite. Também a aquisição de tecnologia, o acesso instantâneo à informação e a exposição do indivíduo a uma magnífica torrente de informações também são as marcas deste tempo. Muita informação, pouco tempo para o processamento, nenhum tempo para a validação e a checagem da veracidade de tais informações, resultado: Formação deficiente.

Por último, a hipermodernidade supervaloriza a cultura do entretenimento. Para se ter uma ideia, a cultura é a mercadoria de exportação mais lucrativa dos Estados Unidos da América, superando em muito a agricultura e a indústria. Somente Walt Disney emprega 130 mil funcionários diretos. Na raiz da palavra anglo-saxônica para entretenimento encontramos o vocábulo “não pensar”. Entreter é possibilitar à pessoa um tempo de “não pensar”, não ponderar, não refletir. Coisa boa seria se não houvesse uma bem arquitetada estratégia para oferecer ao homem contemporâneo, seja rico ou pobre, culto ou ignaro, a possibilidade de não exercer sua capacidade de crítica, ponderação, de síntese e etc. sobre a vida e si mesmo. Entreter e sempre buscar entretenimento é um tipo de fuga.

O homem hipermoderno é sobretudo um homem vazio, sem referências, sem rumo. Tudo tendo e nada possuindo. Cheio de conhecimento, porém sem muito significado.

A Igreja tem diante de si um desafio e uma oportunidade incrível, uma porta aberta nestes dias como nunca antes em sua história. A oportunidade de emitir um sinal claro, evidente, realmente diferente, de referências e de sentido da vida, que façam sentido para este homem tremendamente superficial de nossos dias.

Contudo, a igreja pode tornar-se também ela refém e produto desta hipermodernidade. Pode querer competir abandonando a simplicidade do Evangelho e fazendo mau uso das conquistas humanas hodiernas. Uma Igreja pode vir a ser desnecessária se:

1. Continuar confundido, ou em alguns casos mentindo, afirmando que prosperidade, consumo, aquisição de bens e de status são sinais seguros de salvação e benção;

2. Transformar o culto, de qualquer maneira, num espaço de fuga, de entretenimento. Um espaço para sentir e não para pensar.

3. Se trocar a sólida, criativa, integral e prática formação bíblica por informações e mais informações religiosas para satisfazer a curiosidade ou manter a simples passividade do homem, não despertando nele o prazer pelo serviço, pela solidariedade, pelo engajamento em causas cujo foco e o centro não sejam ele mesmo.

4. Uma igreja desnecessária é aquela que substitui princípios por técnicas. Abre mão de absolutos morais para criar regras para vidas vitoriosas.

Temos a mais absoluta urgência de redescobrirmos a nossa vocação de sermos a NOVA HUMANIDADE, com um estilo de vida profundo, sólido, com verdades e absolutos morais inegociáveis, com gozo de viver e de desfrutar dos bens deste mudo sem nos deixarmos escravizar ou conduzir por eles. Uma nova humanidade, não obscurecida, com a cabeça abastecida de conhecimento e o coração e a alma plenos de significados. Que a Igreja Presbiteriana Central de Itapira (IPCI) não deixe passar a oportunidade de servir aos homens e mulheres de Itapira como referência para que encontrem o verdadeiro sentido da vida.

Rev. Luiz Fernando dos Santos

Pastor da IPCI

Fonte: Luiz Santos

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