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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
17/02/2015 | Luiz Santos: Meditação Cristã

 Meu coração ardia-me no peito e, enquanto eu meditava, o fogo aumentava.” (Sl 39. 3)

É crescente o interesse pela meditação na sociedade ocidental. Não poucos centros de meditação tem se espalhado pelo Brasil. Muitas empresas, inclusive, pensando no bem estar de seus funcionários e, claro, em sua produtividade, já oferecem espaços e momentos ao longo do dia para uma pausa para a meditação. É inegável aqui a influência oriental do budismo e do hinduísmo e religiões e filosofias afins. Também o cristianismo tem produzido nos últimos tempos seus mestres da meditação: John Main, Anselm Grum, Thomas Merthon e etc.

No ramo protestante temos muitos movimentos de espiritualidade que incentivam e cultivam a meditação, como Osmar Ludovico e o Renovaré, para citar apenas estes. Mas ainda existe muita desconfiança por parte de muitos líderes e de muitos crentes quanto a validade desta prática para o cristão. Verdadeiramente nem tudo o que está no mercado e nem tudo que vem sendo oferecido por aí possui qualquer valor ou progresso real para a alma crente e salva em Cristo. Muito do que anda sendo dito em nome da meditação ou são exercícios fundados em psicologia e psicanálise ‘Junguiana’ ou esbarra no misticismo não bíblico. Mas a meditação sempre ocupou um lugar central e de importância na experiência cristã, na intimidade e comunhão com Deus, no amadurecimento do caráter, no crescimento da certeza e da segurança da salvação e no exercício do autodomínio. Não há nada de mágico ou misterioso na meditação genuinamente cristã.

A meditação é um ato natural do intelecto, uma busca consciente do espírito humano por coisas espirituais. É o deter-se sobre um aspecto da relação ou do conhecimento de Deus e deixar-se absorver mentalmente pela questão. A meditação deve preparar a oração e deve ser consequência natural e inevitável do estudo. Mas ela mesma não é nem uma coisa nem outra. A meditação não tem o escopo primário do diálogo e do relacionamento como é a oração e não possui o método científico e sistematizado do estudo e da pesquisa. É algo parecido com o ruminar, com o repetir e visitar várias e repetidas vezes uma mesma verdade ou questão. É um tempo de absorção que deve envolver este ato natural da razão, mas que vai aquecendo o coração, iluminando a mente e a alma até chegar ao maravilhamento que leva à contemplação.

Os pais do deserto e os pais da Igreja atingiram grandes experiências e chegaram a grandes conclusões para si mesmos e para aqueles que serviam como pastores e mestres porque cultivavam a prática da meditação. O labor exegético de Lutero e Calvino são exemplos não só de estudo diligente, de pesquisa séria e comprometida com a verdade, mas de maneira especial, fruto bem amadurecido na meditação. Também os mais ilustres puritanos como John Owen, Richard Sibbes, Baxter e Jeremiah Burroughs eram praticantes e incentivadores da meditação diária.

Quais os benefícios que um crente pode obter da prática da meditação? Os dois primeiros são mais que óbvios. É o prolongamento dos efeitos da oração e do estudo. É uma maneira segura de se manter por mais tempo latente na mente o que foi dialogado com Deus na oração e o que foi apreendido por meio de diligente estudo. Mas a meditação ajuda a centrar a vida nos essenciais da fé. É um poderoso auxílio para dar unidade ao intelecto e ao coração e para organizar nossos afetos para com Deus e o próximo. Outro importante benefício é, sem sombra de dúvidas, terapêutico, pois, a meditação nos ajuda a enxergar a realidade da vida com mais clareza, unidade, vislumbrando consequências e nos recordando as promessas do Evangelho para a vida neste mundo e no outro.

A meditação nos arranca do pessimismo paralisante e do otimismo inconsequente e nos coloca numa posição esperançosamente realista. A meditação imprime cada vez com mais profundidade e nitidez a segurança da salvação na alma do cristão auxiliando-nos assim, a enfrentar a cruz com ânimo, a suportar a perseguição com coragem, a vencer as tentações sem desespero e esperar pela morte sem temor. A Bíblia oferece exemplos de grandes meditadores: Moisés na solidão do Horeb, Abraão sob o estrelado céu do deserto, Davi no ermo com os rebanhos de Jessé e o homem justo do Salmo 1, Jesus e seus muitos retiros para a solidão e Maria mãe do Salvador, ‘que guardava todas as coisas no seu coração e nelas meditava’ (Lc 2.19), para ficar com estes.

Coloque a meditação entre os seus exercícios devocionais e cresça na graça e no conhecimento do Senhor.

Rev. Luiz Fernando

É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

Fonte: Luiz Santos

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