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Artigo
07/10/2013 | Luiz Santos: Mês da Reforma Protestante

 Mas julguem os senhores mesmos se é justo aos olhos de Deus obedecer aos homens e não a Deus.” (At 4. 19).

Dedicamos neste mês de maneira especial nossa atenção ao Evento do qual somos todos devedores, a Reforma Protestante cujo marco simbólico é o dia 31 de outubro de 1517. Neste dia, o frade agostiniano Martinho Luthero teria afixado as suas noventa e cinco teses contra a venda de indulgências por parte do frade dominicano J. Tetzel. O ato de fixar teses convidando os acadêmicos e os interessados para debates em matéria de filosofia, teologia, artes e etc. era uma prática comum daqueles dias. O inaudito mesmo foi a crítica aberta a uma prática tremendamente lucrativa, exploratória, grosseiramente supersticiosa e agressivamente contrária às Escrituras exatamente por parte de um membro da hierarquia da Igreja Católica e professor de uma das mais renomadas universidade da Alemanha.

Evidentemente que as noventa e cinco teses ainda que denunciassem esta prática criminosa e de lesa divindade, ainda sim era simpática e conservava um tom de obediência e submissão ao papa. Luthero, nem de longe, sonhava reformar a Igreja a partir de fora. Nunca quis romper com a Igreja ou dela sair. O papa e seus dignitários que se fecharam às contribuições e ao diálogo com os reformadores. Luthero jamais imaginou o alcance do movimento por ele iniciado.

A alcunha de protestante dado ao movimento surgiu em 19 de abril de 1529 na Dieta de Spira, convocada por Carlos V que tentou sufocar o movimento. Diante dos protestos dos “Lutheranos” em reação às iniciativas da Dieta e do Imperador tentando subjugar o movimento ao papa, sobreveio-lhes o rótulo de protestantes, que desde aqueles dias ostentamos com humildade envaidecida.

496 anos depois dos primeiros bafejos dos ventos reformistas valeria a pena perguntar quais frutos colhemos desde então?

1. Conquistamos a liberdade de consciência, coisa impensável nos dias da Reforma. Era crime divergir, pensar diferente, possuir outra visão das coisas. Galileu Galilei, J. Huss e Tyndale que o digam.

2. Temos a liberdade de examinar livremente as Escrituras. O que nunca significou interpretá-la livremente. Mas também o que nunca nos limitou a interpretá-la atrelada à Tradição ou a ao Magistério. Nós protestantes não desprezamos a Tradição, absolutamente. Reconhecemos agradecidos à contribuição dos pais da Igreja, dos Concílios da Antiguidade e de grandes pensadores. Somos devedores a Justino, Irineu, Agostinho, João Crisóstomo, Tomás de Aquino e Alberto Magno, para citar alguns. Acatamos muitas deliberações de Éfeso, Nicéia, Calcedônia e Constantinopla. Contudo, colocamos a Tradição de maneira subordinada e dependente das Escrituras, nunca em pé de igualdade com ela. Também no tocante ao Magistério eclesiástico entendemos que as Escrituras validam as ações da Igreja e nunca o contrário.

3. A separação entre Igreja e Estado, a não ingerência da Igreja nos negócios do Estado e também a liberdade da Igreja em matéria doutrinal e disciplinar em relação ao Estado são conquistas dos Reformadores. A duras penas aprenderam e abriram caminho para que ambas as esferas desejadas por Deus servissem em liberdade a Deus e aos homens nas competências que lhes são próprias.

4. A educação universalizada e fundamental também foi uma conquista da Reforma. Luthero e depois Calvino exigiram que Estado providenciasse educação de massa para que todos pudessem ler a Bíblia por si mesmos e também desenvolverem-se como pessoa humana.

5. Os fundamentos da democracia moderna também se acham formuladas nos dias dos reformadores. Os Estados protestantes em sua maioria trocaram o “Bispo-rei” por presbíteros eleitos pelo povo. Também suprimiram em muitos contextos a monarquia absoluta por representantes eleitos diretos pelo povo e com mandato definido. A Suíça e depois a fundação dos Estados Unidos da América dão provas históricas disso.

6. O grande avanço das artes liberais e das ciências encontraram plena liberdade e muito incentivo em países e culturas que abraçaram a Reforma Protestante. O mundo viu surgir uma nova ética e uma nova civilização desde aquele longínquo dia de 31 de outubro de 1517.

Todavia, o movimento reformador sempre teve a clara noção da insuficiência dos seus feitos e das muitas carências e pendências ainda não supridas. Por isso mesmo a validade permanente de seu moto: “Igreja Reformada, sempre carece de Reforma”.

Nas próximas pastorais do mês de outubro vamos aprofundar nossa compreensão sobre a Reforma e a nossa herança religiosa e cultural como protestantes. Soli Deo Glória!

Reverendo Luiz Fernando

Pastor Prostestante da Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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