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Itapira, 29 de Mar�o de 2024
Artigo
16/11/2021 | Luiz Santos: Negativados

Na quinta petição da ‘Oração Dominical’ (Pai Nosso), pedimos perdão de Deus para as nossas dívidas pessoais. Não se trata de uma dívida que possamos pagar com dinheiro, ainda que fossemos a pessoa mais rica da terra, nunca teríamos saldo suficiente e nada poderíamos oferecer como garantia, uma vez que o nosso crédito também inexiste. Quando lemos ou oramos com as palavras do ‘Pai Nosso’, reconhecemos que somos culpados e devedores à justiça de Deus. A palavra usada no grego foi felizmente traduzida para ‘dívidas’ em muitas de nossas versões como a ARA, ARC, NAA e NVI e não para ‘ofensas’, traduzindo exatamente o fato de que estamos em falta e assim, sujeitos à punição legal em conformidade com a justiça de Deus expressa em sua Lei. O aspecto do pecado que esta quinta petição envolve é o da culpa. O pecado envolve impureza, corrupção, vileza, degradação, depravação, traz desamparo, miséria e muita infelicidade. Mas, o pior de tudo, é que ele envolve culpa e coloca o pecador debaixo do justo juízo e do castigo de Deus. Infelizmente, a realidade da culpa tem sido negligenciada no ensino geral das igrejas contemporâneas. A ênfase está sendo colocada mais nos sintomas e nas consequências secundárias, identificando mais o pecado com misérias de natureza social, uma calamidade ou uma infelicidade, com isso, essa teologia tenta aliviar a culpa pessoal, fazendo do pecador mais uma vítima que merece ser consolada do que alguém que mereça reprovação e castigo. Quando a culpa é abordada, ela é tratada como um sentimento inoportuno, escrupuloso. Assim, o sentimento de culpa retira o foco do fato da culpa e o tratamento buscado e oferecido é aquele da psicologia e da psiquiatria. De fato, podem existir desordens psíquicas, com sentimentos anormais, neuróticos, que possam prejudicar a saúde de uma pessoa e os que exercem com seriedade a psicologia e a psiquiatria terão o seu lugar fundamental na restauração do homem atormentado. Entretanto, isso difere da culpa real que o homem, quando aguilhoado em sua consciência pelo Espírito Santo, tem consciência possuir e sente diante de Deus, porque a culpa de que trata Jesus na oração do ‘Pai Nosso’ não é um simples sentimento subjetivo, mas um fato objetivo referente à relação da pessoa com Deus. Então, de que culpa o Senhor trata nesse modelo de oração? Todas as culpas, as do pecado original herdadas de Adão e as culpas pessoais, os atuais ou habituais que ainda agora cometemos devido a nossa pecaminosidade latente. Tanto no caso do pecado herdado como naquele que cometemos por comissão ou omissão no curso de nossas vidas, como já dito anteriormente, não há nada que possamos fazer para o resgate dessas dívidas.  Porque somos espiritual e moralmente falidos, e não há sequer uma única criatura suficiente para socorrer-nos aqui, só nos resta contar e descansar na boa vontade de Deus, em sua graça imerecida e em sua misericórdia indevida. Essa graça livre e imerecida nos é concedida mediante a obediência voluntária e satisfação realizada por meio da morte de Jesus Cristo, que na cruz do Calvário quitou e rasgou o título desta dívida e mais, não nos deixou negativados, transferiu os méritos de sua obediência como o crédito que mudou a nossa posição diante de Deus. É morte de Cristo em nosso favor e em nosso lugar que desvia a justiça punitiva do Senhor contra nós. É a justiça de Cristo a nós imputada que nos permite ser aceitáveis na sala do trono. O perdão dos nossos pecados, bem como a nossa justificação têm efeitos para a eternidade, e não seremos mais condenados por eles porque o sangue de Cristo nos cobriu de graça. Contudo, conquanto essas quedas diárias não alterem o nosso estado diante de Deus, elas podem e de fato concorrem para o enfraquecimento de nossa comunhão com Ele, enfraquecem a nossa percepção dos perigos das tentações impingidas por Satanás com vistas à nossa infelicidade e nos impede de usufruir com maior proveito as bênçãos que o Senhor generosamente não cessa de derramar sobre as nossas vidas. Nesta quinta petição, entre outras coisas, pedimos a Deus que nos dê todos os dias um santo escrúpulo de consciência, que nos livre de um coração cauterizado e uma mente insensível para com o pecado presente em nós, nos outros e no mundo, e que jamais nos acostumemos com o estado permanente de rebelião em que o mundo está encerrado. Mais, pedimos a Deus a graça de nos apropriarmos todos os dias de uma porção de suas misericórdias que se renovam a cada manhã, a fim de não sermos consumidos pela tristeza de nos descobrirmos ainda pecadores e que dê largueza ao nosso coração para que tratemos os que nos ‘devem’ com o mesmo cuidado que fomos confrontados, tratados e restaurados em amor. Que a misericórdia que tanto necessitamos seja aquela que estamos dispostos a liberar. Que a graça imerecida de Deus nos leve a amar a sua santidade e a nossa.

Reverendo Luiz Fernando é Ministro do Evangelho da Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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