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Itapira, 28 de Mar�o de 2024
Artigo
01/09/2020 | Luiz Santos: O Privilégio de Servir

“Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu; pois em breve, muito em breve ‘Aquele que vem virá, e não demorará. Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele’. Nós, porém, não somos dos que retrocedem e são destruídos, mas dos que creem e são salvos.

(Hb 10.36-39)

 

Muitas vezes ensinamos e entendemos a participação ativa na Casa de Deus em termos de deveres e responsabilidades assumidas desde o dia do nosso batismo e profissão de fé. De fato, a primeira tábua dos Mandamentos da Lei Moral fala em deveres exigidos da parte de Deus. O segundo mandamento fala exatamente de nossos deveres com o culto, seu conteúdo e natureza. Fala também de alguns outros importantes aspectos da vida em comunidade, a saber, o governo eclesiástico, a disciplina e a manutenção do ministério pastoral. Entretanto, às vezes falhamos em ensinar que participar na comunhão dos santos, entrar na presença de Deus, experimentar a realidade de sua presença entre os louvores do seu povo, chamá-lo intimamente de ‘papaizinho’ e cantar fazendo coro aos anjos é um privilégio. Um privilégio indescritível e um privilégio exclusivo que pertence por direito concedido somente aos filhos, aos remidos pelo sangue do Cordeiro. Essa é uma verdade que deveremos ressaltar nesses dias de flexibilização, de retorno a uma certa normalidade na rotina da igreja, de retomada dos nossos trabalhos presenciais. Como eu escrevi em outras pastorais, é possível que um número significativo dos nossos irmãos, por um certo tempo, não venha a sentir real falta deste privilégio. Será absolutamente comum encontrar irmãos desacostumados à rotina da vida espiritual em comunidade, que perderam, ainda que temporariamente, o jeito, o costume, o gosto em acordar domingo de manhã e participar com interesse e entusiasmo da escola dominical ou do culto. Terão, nesses dias de ausência forçada da comunidade de fé, experimentado e desenvolvido novos hábitos, quem sabe de uma demanda represada inclusive, e ocuparão as suas manhãs com outras atividades que, se não pecaminosas em si mesmo, podem vir a ser, caso quebrem o quarto mandamento, a observância do ‘Dia do Senhor’. E os que assim o fizerem, que imagens bíblicas poderíamos usar para convencê-los de que não deveriam jamais abrir mão de seus privilégios? Considero que a citação a seguir é muito apropriada: “Não haja nenhum imoral ou profano, como Esaú, que por uma única refeição vendeu os seus direitos de herança como filho mais velho. Como vocês sabem, posteriormente, quando quis herdar a bênção, foi rejeitado; e não teve como alterar a sua decisão, embora buscasse a bênção com lágrimas” (Hebreus 12:16-17). O que fez Esaú? Trocou os seus direitos de primogenitura, o seu direito a participação em uma bênção especial por uma satisfação instantânea, por um gozo passageiro e uma felicidade fugaz. Abriu mão de seus privilégios de filho mais velho apenas para dar vazão à sua vontade e responder a uma demanda do aqui e agora. Esaú pode ser um triste paradigma para muitos nesses dias de retorno e flexibilização. Nesses dias de recomeço o que está em conta não são os nossos deveres, as nossas obrigações morais assumidas, mas o quanto valorizamos os nossos privilégios na Aliança, o quanto estimamos a nossa condição de filhos, o quanto apreciamos a companhia dos santos e dos anjos na presença de Deus. Também escrevi que será parte de nosso ministério de desenvolver empatia, compaixão e paciência amorosa para com os nossos irmãos que não se sentirem à vontade ou seguros para a participação. Também escrevi que cobranças moralistas e legalistas não resolvem o problema, antes o agrava, tendo em face já as muitas dores e privações desses dias. Contudo, não quer dizer que não devamos admoestar e exortar os irmãos para que não vendam por tão baixo preço os privilégios que lhes foram concedidos mediante o preciosíssimo sangue de Jesus. Uma boa palavra é essa aqui, também do livro de Hebreus: “Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois aquele que prometeu é fiel. E consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia” (Hebreus 10:23-25). Gosto do ritmo de cada linha: “apeguemo-nos com firmeza à esperança”, isto significa, não abrir mão, nunca, das promessas. Qualquer outra esperança é mentirosa e qualquer que prometa vida fora de Cristo, no fim será infiel na promessa que fizer. Infiel, porque incapaz. “Consideremo-nos uns aos outros”, isto é, tendo em alta conta, apreço, preocupados de fato, exortar é demostrar amor. “Não deixemos de nos reunir como igreja”, não ocupemos o Dia do Senhor com qualquer atividade, que não essencial à vida, e que pode ser realizada em outro momento, que prejudique a nossa reunião como assembleia do Senhor. “Mas encorajemo-nos uns aos outros”, isto é, anime o seu irmão, exorte-o, desperte nele o desejo por Cristo e seu evangelho que pode estar adormecido ou embriagado. Não permita, por amor, aqueles que você ama, trocarem os seus privilégios por um prato de lentilhas, ainda que seja muito saboroso.

Reverendo Luiz Fernando Dos Santos é pastor na Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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