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Itapira, 28 de Mar�o de 2024
Artigo
21/10/2014 | Luiz Santos: Reforma Hoje – Continuação

 Nele vocês estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito” (Ef 2.22).

Nossos dias testemunham um fenômeno interessante, os ‘desigrejados’, um movimento crescente no Brasil. São muitas as razões para que este fenômeno ocorra com tanta força. A falta de credibilidade de muitos líderes e seus impérios ministeriais, a falta de coerência entre fé e vida, doutrina e ética de muitos pastores e crentes. Há também a incapacidade muitas vezes da Igreja posicionar-se de maneira saudável e equilibrada frente ao mundo e a cultura, oscilando entre o fundamentalismo sectário até a completa capitulação ao mundanismo. A ausência de doutrina, fundamentação bíblica, identificação confessional podem também contribuir, bem como os púlpitos virtuais e os pregadores de internet. De fato, há também aqueles que foram feridos por pastores e irmãos e agora traumatizados, não querem mais qualquer relação com a comunidade da fé.

Uma boa literatura para se aprofundar no assunto é a tese de mestrado do pastor congregacional Idauro Campos: Deisgrejados. Com argumentos fundamentados em séria pesquisa, ele trata do assunto com muita perspicácia e autoridade. Todavia, não poderia deixar de acenar para outros motivos que fomentam o crescente número dos desigrejados, a arrogância, o orgulho, o complexo de superioridade, numa palavra os pecados de rebeldia e de autossuficiência. Coisas estranhas, por exemplo, às intenções dos Reformadores. Antes do mais, eles amavam a Igreja. Com frequência citavam Cipriano de Cartago citado por sua vez por Agostinho de Hipona: “Ninguém pode ter Deus por Pai, se não tiver a Igreja por mãe”. Calvino chega a dizer que aquele que não é gerado no útero desta mãe, acolhido em sua madre e alimentado em seus seios, não chega a ter vida.

Os Reformadores tinham a Igreja em altíssimo apreço, nunca separaram o conhecimento das Escrituras da vida fraterna em comunidade de fé na Igreja. Na verdade, o livre exame tão caro aos Reformadores nunca foi ensejo para uma vida intimista, desconectada da comunhão dos santos. E mesmo a comunhão dos santos nunca foi, para os crentes daqueles dias, uma doutrina abstrata, mas uma realidade e uma experiência indispensável para o exercício da piedade, da caridade, da mutualidade, da adoração, enfim, para o desenvolvimento do caráter cristão. Coisa alguma foi por eles concebida à parte da frequência regular, jubilosa e constante no ajuntamento solene, na reunião da Igreja.

Sabendo disso, nós da Igreja Presbiteriana Central de Itapira também precisamos reformar nossa concepção de membresia, de pertença à Igreja. Devemos reformar e reaprender a natureza pactual de nossa pertença ao povo de Deus organizado e reunido nesta congregação, isto deverá significar um renovado e ardoroso compromisso com a vida e o ministério. Precisamos vencer alguns entraves dentre os quais a passividade. Muitos de nós estamos e somos passivos consumidores de coisas religiosas. Nossa frequência às reuniões não agrega muito valor à nossa vida e nem faz qualquer diferença em nosso procedimento. Frequentamos os ajuntamentos em busca de bênção, uma palavra amiga e de ânimo, ou fazemos do Culto um evento social não superior aos demais propostos pelo fim de semana. Outros de nós estamos absolutamente indiferentes ao fato de um dia termos nos comprometidos publicamente pela profissão de fé. Relativizaram os compromissos batismais e agora vivem como se não pertencessem a esta família, se comportam como estranhos, são visitas raras. Estes se contentam com um acesso ao blog da Igreja e às relações virtuais e as curtidas e cutucadas no Facebook .  

A reforma da membresia da Igreja passa por ao menos três passos importantes:

1. Usar o catecumenato, a profissão de fé e o batismo como malhas protetoras da Igreja. Não se trata de negar acesso ao Reino ou a salvação, quem somos nós? Mas de exercer com zelo o tempo de preparação, testar e provar os espíritos para ver se são mesmo de Deus e instruir os catecúmenos e os neófitos exaustivamente quantos aos privilégios e deveres dos membros da igreja com sólidas bases bíblicas e confessionais.

2. Pregar e ensinar à congregação sobre os benefícios de um pertecencimento maduro, saudável e comprometido com a comunidade de fé. Pregar e ensinar a íntima relação Cristo-Igreja, Escritura-Pacto, Santificação-Discipulado, realidades que devemos viver como povo santo de Deus. Ao mesmo tempo, visitar e instar com os afastados, consolar os machucados corrigir e desfiar os orgulhosos, em amor, para que retornem ao bom caminho.

3. Não menos importante, “limpar” o rol de membros. Mantê-lo atualizado. Tirar da lista de membros da Igreja aqueles que desertam de maneira contumaz e final.

É preciso que a liderança zele, preserve e ame a pureza total da Igreja e nunca desista de buscá-la. Reformemos nossa consciência e nosso coração para reformarmos depois a nossa Instituição.

Reverendo Luiz Fernando

É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

Fonte: Luiz Santos

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