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Itapira, 28 de Mar�o de 2024
Artigo
30/06/2015 | Luiz Santos: ‘Existencialismo cristão’

 Pois nele vivemos, nos movemos e existimos’, como disseram alguns dos poetas de vocês: Também somos descendência dele” (At 17.28).

Os nossos dias estão confusos e coisa alguma parece ser o que de fato é. A ditadura do relativismo nos carrega a todos numa enxurrada de desconstrução da realidade jogando impiedosamente a nossa geração num vácuo existencial, sem referenciais, sem absolutos morais, sem certo ou errado, sem padrões definidos. Em tempos como os nossos a desesperança e o desespero parecem ser o tempero predominante da alma. Muitos são os sintomas de nossa sociedade doente, o avanço das drogas e do álcool assolando famílias inteiras, abreviando absurdamente as vidas dos mais jovens. Uma geração inteira de “lesados” cresce bem à nossa vista. Potenciais que são desperdiçados, a força de trabalho que desaparece, ideologias e sonhos que são destruídos e vidas que são tornadas inúteis e alienadas da realidade. Cresce assustadoramente o índice de suicídios entre jovens e adolescentes, é um crescimento invisível, não há interesse em quantificar e demonstrar através de uma pesquisa séria, a mídia não tem interesse em noticiar, mas o fato está posto. Nossos filhos estão perdendo cada vez mais cedo o sentido da vida, a esperança quanto ao futuro e o sonho de um mundo melhor já não é assim tão acalentado por eles. Outro sintoma é a crise de autoridade e legitimidade das associações de classe, entidade políticas, Igrejas e religiões e até mesmo no esporte, com raríssimas exceções, quase não encontramos alguém que nos transmita confiabilidade. A corrupção grassa e permeia as entranhas de nossa sociedade minando os recursos que poderiam melhor a qualidade de vida de todos, de maneira especial dos mais vulneráveis. Nossas vidas correm perigos em hospitais, nossos direitos nem sempre são adequadamente defendidos por quem deveria promover e defender a justiça. Nosso direito de ‘ir e vir’ está seriamente comprometidos com a endêmica falta de segurança. E os políticos, bom os políticos... Neste contexto palidamente constatado aqui não há como não sentir um pouco de náusea, de absurdidade, de desconforto existencial e não há como não lembrar de Albert Camus, Jean Paul Sartre e etc. Todavia, o cristianismo não é pessimista. Não é pessimista porque sabemos que as coisas podem até estar fora de nosso controle, podem até não fazer muito sentido e podemos até ter a sensação que vivemos o Mito de Sízifo e que o nosso esforço parece vão. Mas, se não estamos no controle, Deus está! Desde o trono Ele governa todas as coisas e com um propósito santo e sábio. Não cremos num Deus que tenha criado este mundo sem a menor noção do que fazer com Ele ou de como administrá-lo. Não mesmo. Nosso Deus permite estas coisas com um propósito bem definido em sua mente nem sempre alcançado pela nossa. Mas, acaso e caos desgovernado não há. O cristianismo também não é otimista. Sim, não achamos que tudo vai melhorar naturalmente, ou mesmo sobrenaturalmente de uma hora para outra. Não cremos que é apenas uma fase ruim, uma ‘marolinha’, que logo tudo se acerta. Claro que não. Temos os nossos pés bem fincados na história e na realidade. O cristianismo é realista. Não há religião, filosofia ou ideologia mais realista que o cristianismo. Não cremos no paraíso terrestre forjado e conquistado pelas revoluções e pelas lutas de classes. Até reconhecemos a sua importância histórica. Não cremos em utopias de espécie alguma. Temos o pé na realidade histórica. Sabemos que a corrupção de toda natureza e que toda torpeza de que o homem é capaz de cometer. Não ignoramos que toda opção errada, toda falta de bom senso, equilíbrio e justiça têm a mesma origem, o coração depravado e não regenerado do homem. Que o homem não poderia projetar e construir nada diferente do que aí está. Sabemos também que Deus não é o Deus de José Saramago, aquele “Ser Supremo” que se existe é irrelevante e que fechou as portas da eternidade atrás de si e foi dar um passeio contemplativo pelos confins do universo deixando os homens e a criação à sua própria sorte. Não! Deus age por meio de sua Graça Comum ou Geral e dota todos os homens, quer creiam nele ou não, sejam cristãos ou não, mas a todos Ele enriquece com dons e habilidades. Estes dons da Graça Comum são aqueles que arrefecem e atenuam os efeitos nefastos do pecado e da desesperança e nos permitem avançar no meio do caos. Desta Graça Comum surgem o Estado para promover o Bem, as Artes para fomentar o Belo, as Ciências para exaltar a Verdade, a Tecnologia para humanizar a Vida e defendê-la e assim, toda conquista humana honrosa tem a mesma fonte que o da Salvação dos que creem: Deus. Como dizia a minha avó diante de uma barbaridade, “o mundo precisa de Deus”, quer saiba disso ou não. Quer aceite isso ou não. Quer acredite nisso ou não!

Rev. Luiz Fernando É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

Fonte: Luiz Santos

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