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Itapira, 28 de Mar�o de 2024
Artigo
10/07/2011 | Não gosto desse cheiro.

Nunca duvidei da relatividade democrática sustentada pelo grupo político que governa Itapira desde 2005. Tudo o que é pró é bom, tudo o que é contra, não presta, é contaminado, está jogando do outro lado. Não se sabe quem foi que ensinou o conceito de democracia para os pensadores dessa turma. Certamente não foi um bom professor.

Essa semana, por exemplo, num ato clássico de autoritarismo, funcionários, diretores e secretária da educação foram proibidos de passar qualquer informação sobre o caso da criança queimada na creche. Uma tentativa arriscada de que quanto menos se falar do assunto, melhor. Qualificando, portanto, as pessoas envolvidas como réus. Tratou, também, a imprensa como partido político. Aliás, essa situação, não é a primeira vez. Todos os jornais da cidade já reclamaram do gosto palaciano em controlar a informação, proibindo o contato direto com os responsáveis pelos setores objetos da notícia. O prefeito, raramente, fala sobre assuntos polêmicos. Provavelmente, para os mentores intelectuais do grupo, sonegar ou dificultar o acesso à informação da coisa pública, não é censura, é proteção. E é mesmo, é assim que os ditadores se protegem. Lula, por exemplo, sempre que a imprensa exagerava - pelo ponto de vista dele - ia para o palanque ou para as entrevistas querendo desqualificar os órgãos que “abusavam” do direito de informar. Apesar de Lula, também exagerar nos ataques, ele exercia o direito sagrado de defesa. Pior seria, se ele nada falasse, dando ares democráticos à sua personalidade, mas por baixo do pano ficasse puxando o tapete de Deus e de todo mundo. Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento.

A grande bandeira do Novo Tempo foi apresentar-se com um formato moderno de fazer política, sem rojões, sem publicações ou programas de rádio para se defender ou atacar adversários, dar total transparência da coisa pública, descentralizar a administração etc.. Dizer que cumpre esses tópicos enquanto o time está ganhando, é moleza. Difícil é assegurá-los o tempo todo.

Vejamos o caso da creche. Assim que o problema ocorreu, o fato deveria ter sido analisado, elencando as possíveis hipóteses e os eventuais envolvidos, de maneira que o prefeito - e não a secretária, pois o caso é grave – pudesse vir ao público para informar o que tinha acontecido – antes que a imprensa investigasse - as providências que estavam sendo tomadas para que tudo fosse apurado corretamente e estabelecer as consequências para os culpados, desde que cabíveis e justas. Diante disso, os adversários poderiam explorar a questão no campo sensacionalista, mas a verdade sempre prevaleceria. Não se deve temê-la, jamais.

Afinal, diante do tamanho da clientela atendida pelo município, acidentes acontecem e desleixo dos profissionais, também. Nessa explanação, o prefeito poderia valorizar o longo trabalho realizado, não permitindo que esse fato enegrecesse a história da instituição. Comprovadas as falhas administrativas ou operacionais ou profissionais elas ficariam circunscritas aos erros identificados, não à creche e muito menos à administração. 

Mas não foi isso que aconteceu. Optou-se pela pior opção: o silêncio. Apostou-se no tempo como apagador de coisas ruins. Alguém deve ter tido a infeliz idéia de que a família, pela sua simplicidade e pobreza ficaria quieta no seu canto, lamentando o fato, como uma pequena desgraça divina ou mais uma tentação diabólica. Quem sabe?

O vacilo permitiu à sociedade dar uma dimensão maior ao caso – crianças despertam comoções - levando gregos e troianos à busca de explicações, construindo roteiros, dos primeiros aos últimos passos. Quando as autoridades municipais acordaram, o estrago já estava feito.

Não preciso lembrar que uma das características das ditaduras é manter a opinião pública longe das mazelas governamentais. Por isso se fecham.

A grande dúvida que ficará desse episódio será: outras situações semelhantes ocorreram, mas foram eficientemente abafadas? Bem se vê que esse é o pior caminho e o cheiro dele não é nada bom.

Fonte: Nino Marcatti

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