Quando eu me meto nos meandros da filosofia, vejo o sentido da vida em três pontos básicos: vivenciar com qualidade e alegria todas as fases da vida; estabelecer relações pessoais com cordialidade proativa dentro e fora de casa; envelhecer com serenidade.

Alguém poderia indagar. E a espiritualidade, o trabalho, o dinheiro, o amor, o poder (...) não integram esse pensamento? Eu responderia, prontamente, que sim. São itens intrínsecos à vida, que interagem pacificamente desde que não sejam supervalorizados, desde que não suplantem a paz de espírito. Muitas vezes, pequenas coisas ou gestos leves ou momentos despercebidos para a maioria confirmam esse meu devaneio filosófico.          

Sábado passado, na Mix Eventos, casaram-se Alyne e Adriano. A noiva é a primogênita dos meus amigos Marylton e Edna. A parte cerimoniosa teve o dedo de Ligia Gomes. Na festiva, a qualidade do Buffet de Márcia Martelli. Como testemunhas, além dos padrinhos, lá estavam os parentes e amigos do casal. Pode parecer nota de coluna social, mas não é. É um registro significador.

Foi um evento como tantos que ocorrem pela cidade, o ano todo. Tinha todos os aparatos costumeiros. Tinha a mãe que se esforçava para não chorar e borrar a maquiagem, mas era vencida pela emoção. Tinha o pai que não sabia onde enfiar o orgulho que sentia e esforçava-se para manter o controle da situação, mas as lágrimas lhe escapavam. Era o ninho perdendo o primeiro filhote.  

Enfim, tirando a visão dos noivos, dos familiares diretos e dos convidados, foi mais um casamento, cujo cerne era o start de uma nova família. Para mim, Ezequiel, Toninho, Nivaldo e respectivas esposas um momento mais do que especial: a convicção de que iniciava, para a nossa turma, naquele momento, mais uma fase em nossas vidas.

Na década de setenta alicerçamos amizades que nos arrastaria unidos por décadas. De repente os namoros começaram a virar coisa séria e antes que o ano de 1982 terminasse um a um se rendia e se aliançava. O grupo formado por mim e Zoraia, Marylton e Edna, Ezequiel e Claudia, Toninho e Aylma e Nivaldo e Fátima manteve-se unido, com encontros, festas, programas e viagens sistematicamente, sem interrupções significativas. Na pauta, mantinha-se também a constância da alegria e das gargalhadas, o prazer da amizade. Registre-se que esse time, nesse tempo todo, manteve as titularidades. Fato raro hoje em dia. Como diz o compadre Ezequiel, os homens desse grupo têm cantinhos no céu garantidos.

Alyne, a noiva, foi o primeiro nascimento. Ela abriu a geração de descendentes desse grupo. Vieram na sequência: Lívia, Ezequiel, Maryane, Junior, Matheus, Carol, Leticia e Francisco. Toninho e Aylma optaram pela abstenção reprodutiva, mas acompanharam e continuam compartilhando a nossa saga. Outros amigos queridos se juntaram ao grupo nessa caminhada, uns nos primeiros tempos, outros nos últimos. Agora, Aline, abre a fase dos casamentos da segunda geração, o tempo da formação de novas famílias. É a dinâmica da vida, na sua plenitude. Que bom viver e assistir as transformações que a vida nos oferece a cada dia. Assim como a história que nos envolve, outras desfilam – muitas, talvez, com maior teor e graça - por esse mundo de Deus, mas podem deixar de receber a atenção, o registro e o reconhecimento merecidos. É uma pena quando isso acontece. Valorizar e interpretar os momentos vividos nos faz viver mais e melhor. Eu penso assim...