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Itapira, 29 de Mar�o de 2024
Artigo
07/04/2013 | Nino Marcati: Informação, opinião, tendência e versão.

Muito se fala da naturalidade com que a imprensa reforça ou distorce determinados assuntos em função da sua tendência política, social, pessoal, econômica e cultural. As críticas costumam clamar por imparcialidade. Mas a qual imparcialidade elas se referem? Não é difícil deduzir depois de uma leitura, mais ou menos atenta, que para a maioria dos reclamantes o chororô só existe quando a imprensa lhes contraria. Quando é a favor, a parcialidade é perdoada. Ou não é?

À imprensa cabe o papel de informar e contribuir para a formação da opinião pública. Peca quando chama para si o cargo de porta voz da sociedade, quando se coroa como paladina da justiça e se caracteriza como detentora da verdade absoluta. A informação deve retratar os fatos. A opinião é um juízo de valor que se emite sobre algo questionável. É relativa, jamais absoluta. A versão é a construção de uma informação dirigida e manipulada. A tendência, de qualquer natureza ou feição, confessável ou não, estará sempre inoculada nas redações, em qualquer parte do mundo.

Nessa semana tivemos um bom exemplo de como a imprensa trata o mesmo assunto, diante de fatos inquestionáveis, onde a tendência do editor subverteu a informação e desviou do foco principal.

Refiro-me ao jogo de quarta-feira, em Belo Horizonte, no Estádio Independência, em disputa pela Taça Libertadores da América. O Clube Atlético Mineiro repetiu o chocolate sobre o Arsenal de Sarandi, cinco a dois nas duas oportunidades. De novo, também, o futebol, alegria do povo, virou caso de polícia.

A polícia militar, como faz em todos os jogos, ao soar o apito final segue o ritual que visa proteger os árbitros de possíveis agressões. Os atletas do Arsenal foram para cima da arbitragem. Os policiais em formação ofereceram resistência e o pau comeu, sobrando violência, chutes e socos. Na sequencia os policiais munidos de escudos, cassetetes e espingardas com balas de borracha acuaram os jogadores nos vestiários de onde voavam cadeiras.

A imprensa brasileira narrou os fatos, fez algumas críticas aos procedimentos adotados pelos policiais, mas ressaltou que a agressividade dos atletas argentinos tinha sido motivada pela derrota acachapante e pela tradição que eles têm nessas confusões. É provável! Mas será que eles não ouviram dos policiais mineiros ou de outras pessoas alguns insultos, também, indevidos e incendiários?

Para a imprensa argentina o desfecho foi "uma loucura sem controle", uma “vergonha brasileira”. E, inocentemente, retornou à briga na final da Sul-americana entre policiais e seguranças do São Paulo e os jogadores do Tigre.  O jornal Clarín chamou o episódio de "uma noite escandalosa" e afirmou que um dos policias chegou a apontar uma arma para os atletas do Arsenal, sem completar a informação de que as balas eram de borracha.

Não é difícil depreender que a intenção da imprensa argentina foi de minimizar a conhecida violência dos seus jogadores nos embates sul-americanos. E para isso, usou, sem parcimônia, fatos passados para atender a tendência editorial, ufanista e interesseira.

O fato é que a imprensa na ânsia de ser mais do que é, acaba transferindo a discussão para o campo errado. A violência é condenável em qualquer situação. Os nossos policiais devem estar preparados e treinados para lidar com os surtos. Um tema que acabou, como de costume, para o segundo plano.

A imprensa não é assexuada, ela tem preferências e não deve ser condenada por isso. Pois quando ela transforma essas preferências em instrumento de manipulação exagerada da opinião pública, o tempo selará o seu destino.

Fonte: Nino Marcati

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