Hoje, 20 de julho, é o Dia do Amigo. Levanta a mão quem foi ou programou uma visita às lojas para comprar presentes para os amigos ou quem tenha pensado em reuni-los numa mesa de bar ou outro lugar qualquer para comemorar a data! Você esqueceu? Nem sabia que hoje era o dia do amigo? Não tem problema. A boa amizade se desprende dos padrões tradicionais e não exige lembranças para a sua manutenção. Que continue sempre assim, mas a data especial burocratizada pode nos levar à reflexão.

Milton Nascimento nos diz que “amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito e mesmo que o tempo e a distância digam "não", mesmo esquecendo a canção, o que importa é ouvir a voz que vem do coração”. Milton exalta, com essas palavras bem arranjadas, a maior virtude de uma grande amizade: a ligação que independe do tempo ou da distância, que faz a amizade permanecer viva com a mesma intensidade, levando nos reencontros, o esquecimento do passado que não foi comum.

Quando pensei em escrever sobre este tema, tentei pesquisar na literatura disponível o segredo ou o mecanismo de nascimento das grandes amizades. Dei com os burros n’água! Falhei, inclusive, quando tentei descobrir os pontos que me levaram aos meus próprios amigos, aqueles que sempre estiveram diante da minha fuça desde o princípio. Não foi difícil compreender que amizade receitada com propósitos definidos não existe. A amizade, simplesmente, acontece. Química, talvez? Abrir o leque, com certeza!

Os meus amigos, quase todos de longa data, não nasceram da afinidade em relação a gostos, pensamentos, interesses ou coisas que valham mais. Diferimos-nos uns dos outros, diversidades que funcionam como temperos para as nossas conversas, discussões e gozações, que apesar dos acaloramentos, o respeito sempre é revigorado. Não somos amigos por planejamento ou por encontros constantes. Não somos amigos de sangue, mas por coração...

Mas penso que podemos colocar o conjunto de relacionamentos amistosos nascidos nas vizinhanças das nossas casas, na escola, no trabalho e nos grupos de qualquer natureza como fundamental para a construção de uma grande amizade. Quando cheguei nesse ponto, passei a me preocupar com as nossas crianças e jovens, que hoje apesar da rede de relacionamento construída via internet, os contatos pessoais, a vivência nas “ruas”, o sentimento das reações e atitudes humanas, a análise comparativa das ações de terceiros, tudo isso e mais alguns, foram trancafiados numa tela rodeada de quatro paredes ou, então, no tempo da escola ou atividades organizadas como festas ou reuniões, que apesar de importantes não cobrem as mesmas liberdades. Penso que da mesma maneira com que a comunicação fria que a tecnologia oferece propiciando relacionamentos e conhecimentos superficiais, as amizades talvez estejam sendo construídas com as mesmas características, não criando laços profundos que possam, amanhã, reforçarem os ditos de boca cheia “fulano é meu amigo”.

Por isso é bom dizer que os amigos são essenciais nas nossas vidas. São portos de referência, acompanhantes perto ou de longe da nossa trajetória. Amigo, mesmo não demonstrando, chora com a gente nas desventuras e vibra com as nossas vitórias, mesmo quando a maioria das pessoas não percebe. São tantas as alegrias. Feliz Dia do Amigo, meus amigos! Obrigado por existirem.