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Itapira, 23 de Abril de 2024
Artigo
15/06/2015 | Nino Marcati: Doença feia, mas nem tanto

Tomei conhecimento da existência do câncer em nossas vidas quando uma amiga da minha mãe adoeceu. Essa doença era tão terrível que as pessoas, inclusive a minha mãe, evitavam falar o nome dela. Diziam assim: o fulano está com aquela doença feia. Ainda criança, curiosa e amedrontada, certo dia perguntei à minha mãe: “que doença feia é essa?” A minha mãe, em voz baixa, quase cochichando, respondeu: “É câncer, mas não se deve falar essa palavra. Não presta!” Achei que era como falar palavrão: cometia-se um baita pecado.

Eu e a minha geração crescemos com o medo dessa doença feia. A gente não tinha ideia de como ela surgia ou quando ela poderia aparecer. Algumas pessoas amigas ou conhecidas, nesse transeunte da vida, morreram vítimas. Era comum ouvirmos: “quando se descobriu, já era tarde!” ou “quando o médico abriu a barriga, não tinha mais o que fazer. Fechou!”.

No início da década de 70 cerca de 200 mil brasileiros eram sorteados todos os anos na loteria do câncer. Poucos alcançam a cura. Mais de um terço morria no primeiro ano após contrair a doença. Os demais tinham um incerto período de sobrevida.
 
Naquela época imperava a ignorância sobre a doença e a falta de recursos. Nos dias atuais ainda não podemos dizer que o câncer perdeu importância na lista das doenças mais complicadas enfrentadas pelo ser humano, mas também não podemos dizer que a descoberta dessa doença que se caracteriza pelo descontrole da divisão celular e pela capacidade de invadir outras estruturas orgânicas seja a emissão antecipada do atestado de óbito.
 
Hoje, mais de setenta e cinco por cento dos casos flagrados em estágio inicial podem ser curados. Mais que o dobro do que acontecia na década de 70. A taxa de remissão total no tratamento de um tumor de fígado, por exemplo, antes altamente letal, é hoje na ordem de oitenta e cinco por cento.
 
Uma prova de que a doença, apesar de assustadora, não tem o mesmo grau de antigamente é que os pacientes já falam abertamente da doença, manifestando esperança crescente de cura e revela disposição para enfrentar a doença. Antes, jogava-se a toalha no início do primeiro assalto.
 
Nessa semana foram noticiados os primeiros resultados de uma pesquisa com tecido ovariano que são retirados antes das sessões de quimioterapia e radioterapia das mulheres que descobriram a doença, mas sonham em engravidar. Como esses tecidos podem ser levados à falência ovariana precoce, congelados poderão ser reimplantados no futuro, podendo permitir ao ovário o funcionamento normal.
 
Talvez seja esta uma das maiores vitórias da medicina: há vida depois do câncer.
Fonte: Nino Marcati

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