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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
16/06/2014 | Nino Marcati: Essa FIFA é de matar!

 Quando a FIFA fechar as contas da Copa 2014, a sobra no caixa deverá bater nos seis bilhões e trezentos milhões de reais. A entidade garante que nesse lucro não tem dinheiro público. Diz que ele vem dos parceiros que pagaram para associar suas marcas à Copa. Afirma que os gastos das cidades e do governo continuarão no país. Mas, eu completaria! Nem tudo, FIFA, parte desses gastos aportará noutros destinos, quem sabe, em alguns paraísos fiscais por exemplo.

O lucro, propriamente dito, da Fifa não me incomoda. Entendo que uma instituição, empresa ou profissional que tenha competência para gerar grandes eventos ou grandes ideias ou grandes serviços devem ser remunerados com grandes lucros. Afinal, ninguém paga caro o que não vale a pena. O que me incomoda - e muito - é o espírito oportunista que a FIFA revela, por exemplo, quando, ao invés de contratar trabalhadores e remunerá-los adequadamente, opta por abrir chamada para recrutar e selecionar 14 mil voluntários, que depois de treinados atuarão em setores como mobilidade, aeroportos, entorno dos estádios, centros abertos de mídia e centros de treinamento, e para apoiar os turistas, a imprensa e as equipes de futebol. Cada voluntário selecionado recebeu uniforme, auxílio transporte e alimentação. Nada de remuneração ou ingresso para os jogos. Ao final, todos terão certificado de participação. Uma paga histórica, não suficiente e injusta.

O Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro impetrou ação civil alegando que o programa de voluntários da Fifa fere a legislação nacional que trata do trabalho voluntário. Pediu a assinatura das carteiras de trabalho de quem vai trabalhar como voluntário, além do pagamento de indenização no valor de 20 milhões de reais. Pela lei brasileira, o voluntariado só pode ser exercido em entidades públicas, associações e outras instituições sem fins lucrativos - o que não é o caso da FIFA, nem aqui, nem na Suiça.
 
Não seria difícil listar uma porção de pisadas na bola promovida pela FIFA, hoje e ontem, mas uma delas me causou tremenda repulsa. Para mim, o grande momento da abertura da copa deveria ser o chute na Brazuca, de um brasileiro paraplégico, marcando o pontapé inicial do maior campeonato do mundo. Seria o momento para demonstrar o exoesqueleto, uma estrutura metálica que dá sustentação ao corpo e reage a comandos do cérebro, como andar e chutar – criado pelo neurocientista Miguel Nicolelis. Detalhe: o paraplégico levantou da cadeira de rodas, andou até a marca e chutou a bola. Quase ninguém viu. Nem ao menos gravaram as cenas que antecederam, para posterior divulgação. Falta de organização? Incompetência? Ou será que algum patrocinador impediu a boa nova?
 
Não tenho dúvida. Ou o mundo acaba com a FIFA ou a FIFA acaba com o futebol. O negócio dela é lucro, não futebol, não gente.
Fonte: Nino Marcati

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