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Itapira, 20 de Abril de 2024
Artigo
02/06/2013 | Nino Marcati: Folgados e mal pagos?

 

Terry Gou, presidente da Foxconn - montadora dos produtos Apple, Google Android, Cisco, Dell, HP, Motorola, Nintendo, Nokia, Sony e Toshiba - ganhou a ira patriotada ao declarar em um programa de TV de Taiwan que “os brasileiros não costumam trabalhar tanto, pois estariam vivendo em um paraíso”. E não foi a primeira vez. Há dois anos, o executivo, ao reconsiderar a abertura de mais fábricas no Brasil, tascou: “supostamente, os trabalhadores por aqui deixam de produzir para dançar músicas ou para assistir a jogos de futebol”. Deixando os exageros de Gou de lado, será que devemos refletir  sobre esse assunto? Vejamos!

Até o final deste ano de 2013, contaremos onze feriados nacionais, no nosso caso, mais um estadual e três municipais. Tirando os dois dominicais, serão três sábados, uma segunda, três terças, duas quartas, duas quintas e duas sextas que apresentarão fábricas e lojas fechadas, deixando a economia quase parada. Consideremos, nessa conta, as tradicionais emendadas, com no mínimo mais quatro folgas. Resumindo, dependendo do ano e do estado, festejamos de dezesseis a vinte e um dias de inatividade. Não devemos nos esquecer dos serviços públicos que decretam anualmente de quatro a oito pontos facultativos e nem das copas que vem por aí, que transformarão jogos em patuscada cívica.

Sabemos que a nossa predileção por feriados vieram dos portugueses. Aliás, Portugal, por força da crise econômica europeia, suspendeu quatro feriados por cinco anos, entre eles, este desta semana: o Corpus Christi.

Para cada feriado, o Brasil deixa de faturar 15 bilhões de reais. O que não é pouco. Só para comparar, 15 bi equivale a cinco vezes o orçamento anual do Ministério da Cultura. Seis dias cobririam todos os gastos da União com Educação. Nove dobrariam os recursos federais para a Saúde. Se estivéssemos bem nesses quesitos, vá lá!

O número de feriados em outros países - principalmente nos desenvolvidos - não é muito menor que o nosso, mas tem um detalhe fundamental, por lá, considerando o período de férias, a média de folgas no ano gira em trinta e nove dias.

A nossa disposição para o repouso, alegria e diversão seria linda e maravilhosa, não fossem as consequências, onde as folgas são reforçadas pela incompetência governamental, traduzida, no final das contas, pelas nossas más escolhas e cobranças encabuladas. O que a gente ganha como isso? 

No último levantamento da Conference Board, a nossa produtividade, na América Latina, só ganhou da Bolívia, onde pegamos a decima quinta colocação. Dos 114 países pesquisados, em 2010 figurávamos na 68º posição, em 2012, 75º. Pioramos.

O trabalho da Conference Board relaciona a produtividade de trabalhadores de vários países com o trabalhador norte-americano que é considerado, nesse estudo, como referência padrão igual a 100. Ai vem a produtividade dos alemães: 73, dos franceses: 80.  México: 34, Argentina: 35, China: 17% e Rússia: 35. A do trabalhador brasileiro em 2012 ficou em 18.

Sabe o que significa esse índice 18? Significa que o trabalhador norte-americano produz cinco vezes mais do que a gente. O Relatório Mundial sobre Salários, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho no final do ano passado, mostrou que o trabalhador brasileiro ganha, praticamente, 20% do salário de um trabalhador americano. Faz sentido essa diferença?  

Fonte: Nino Marcati

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