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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
21/04/2014 | Nino Marcati: Mais e melhores médicos

Quando em julho do ano passado foi lançado o “Mais Médicos”, o governo federal disse que a prioridade era atender os municípios do Norte e Nordeste e as periferias das grandes cidades cobrindo as vagas não preenchidas pelos médicos brasileiros. A reação da classe médica foi imediata. Movimentos de protestos eclodiram de Norte a Sul.

Que a saúde brasileira é calamitosa, ninguém contesta. Virou um saco sem fundos para os governantes de todas as esferas. Os representantes dos médicos afirmam que falta estrutura para que os profissionais prestem um bom atendimento. Faltam leitos, aparelhos... É verdade! Mas é verdade, também, que para suprir 146 mil postos criados nos últimos dez anos, apenas 93 mil médicos saíram das faculdades. Sabe-se, também, que 80% dos casos podem ser bem resolvidos com atendimento básico de um médico razoavelmente atencioso.

Há médicos contratados pelos municípios que ganham muito mais que os prefeitos, sem cumprirem carga horária semelhante. Sabe-se, ainda, que na maioria desses municípios as autoridades de saúde acabam reféns da classe médica servidora, que impõe condições, faltam do trabalho por qualquer motivo, consultam pacientes sem olhar para cara deles e ameaçam deixar os munícipes na mão quando o caldo entorna...

 Acho que todo mundo imaginava que o foco de atendimento do Mais Médicos seria o Norte e o Nordeste. Eu pensava que no Sudeste a coisa não era boa, mas remediava-se! Com a chegada do quarto ciclo de médicos percebe-se um quadro também  desolador. Dos 5.570 municípios brasileiros, 3.511 demandaram 15.460 médicos. Dos 13.235 profissionais alocados, a maioria ficou no Sudeste com 4.170 médicos; o Nordeste com 4.147; o Sul, com 2.261; o Norte, com 1.764; o Centro-Oeste, com 893; e os distritos indígenas; 305. Uma distribuição que mostra que enquanto o estado de São Paulo, capital e interior, concentra o que há de mais avançado na área médica para atendimentos de altíssima complexidade, as regiões com grande concentração populacional e com alto índice de pobreza continuam severamente desassistidas.

A chegada de oito médicos a Itapira é um reforço de peso. Apesar de contar com um bem montado sistema de saúde e das eventuais queixas, os atendimentos de baixa complexidade no município são satisfatórios, pelo menos foi isso que uma pesquisa recente atestou. O Mais Médicos deve melhorar ainda mais. Mas a contribuição dos médicos cubanos pode ir além: mudar paradigmas. Enquanto o Brasil prepara seus futuros médicos para as altas especialidades e o uso crescente de tecnologia, Cuba prioriza a atenção primária de saúde. O estudante cubano ao entrar na faculdade pública de Medicina se compromete a trabalhar em qualquer lugar, onde o governo mandar. É a condição que um país pobre oferece para quem estuda custeado pela população. Lembremos que Cuba não é capitalista.

Depreende-se, então, que os problemas da medicina brasileira não devem ser imputados exclusivamente aos profissionais da área, mas a este Brasil que não conseguiu se definir socialmente e nem soube oferecer vagas suficientes para que os formados atendessem a população em todos os cantos, de acordo com o juramento.

 
Fonte: Nino Marcati

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