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Artigo
29/09/2014 | Nino Marcati: O orgulho de comemorar os trinta anos de ser pai

 

Gostamos de aniversariar os nossos tempos de vida, de trabalho, de convivência, de conquistas... Alguns, comemoramos todos os anos, outros, nas quantidades fechadas, tipo dez, trinta, cinquenta anos. Na semana passada, na madrugada de sexta-feira, sozinho com meu computador, em dado momento, resolvi comemorar, egoisticamente, os meus trinta anos de pai. Viajei para o dia 19 de setembro de 1984, o dia em que as heranças genéticas, fruto do meu casamento, deram inicio a um novo ciclo.
 
Eu acompanhei a maca com a minha mulher até a porta de entrada do centro cirúrgico da Santa Casa. Era uma porta que me apartou dos acontecimentos e transformou a espera em eternidade e a eternidade em angustia. A minha amiga Marina (que trabalhava no setor naquela época) de repente abriu a tal porta da esperança com um embrulhinho nos braços insinuando tratar-se do presente que eu esperava. Pai novo, abobalhado, sem tirar os olhos do regalo, ouvi a voz que parecia vir de longe de Marina dizendo: “é uma meninona!”. Embasbacado, consegui articular uma única frase: “tá vendo, todo mundo palpitava que seria um menino!”. Marina levou a minha “meninona” para os procedimentos de praxe. Agora era um vidro que separava o corredor da sala de trabalho. Acompanhei o que lá dentro acontecia, sem saber ou ter o que fazer. Que tortura!
 
Depois que a minha filha foi colocada no berçário, Marina me chamou e disse: “você quer entr...?” Antes que ela terminasse a frase, lá estava eu pertinho, por alguns instantes, me submetendo contrariado às recomenda­ções. Eu queria pegar o meu rolinho de gente no colo. “Você vai ter muito tempo para isso...” respondeu a enfermeira. Fui para casa e tirei uma foto de mim mesmo – um selfie, quando o início dos anos oitenta nem sabia o que era isso – para registrar a minha cara de felicidade.
 
A ideia de comemorar os trinta anos como pai veio na hora em que eu comecei a escrever um texto para que a minha primogênita lesse quando acordasse. Lembrei-me da carta que meus três filhos me presentearam no último Dia dos Pais. Nela, cada um comentou alguns momentos marcantes da nossa história. Confesso que li aquela carta várias vezes e a cada leitura, uma nova emoção. Que alegria!
 
Antes de escrever o pretendido texto de aniversário, peguei a carta e me fixei no fragmento que coube à minha trintona escrever, busquei inspi­ração, eis o resumo que compartilho: “Meu pai é aquele que nos ensinou a andar de bicicleta; que inventava os passeios mais divertidos e aventureiros pelo bairro; que nos levava ao parque no fim de semana; que nos ensinou a fazer pipa e fazê-la subir na praça da árvore. É quem nos levava pra ouvir o vô tocar na praça aos domingos e nos fazia ouvir Tim Maia, Chico, entre outros, nos tapes, durante as viagens nos dando um gosto diferente pela música. É quem nos fazia acreditar em Papai Noel e quem fazia as pegadas do coelhinho da páscoa pela sala. É aquele que contava historias de um jeito único – tanto aquelas que estão em qualquer livro infantil, quanto as mais deliciosamente inventadas com mistura de realidade e fantasia. Era aquele que começava uma historia inventada e nos fazia continuar a narração só pra estimular nossa criatividade e imaginação. É aquele que tem o dom de tornar divertido decorar a tabuada e não se importar em passar todas as noites nessa função até que a missão fosse concluída com sucesso. É quem estava presente no 1º arranco do carro antes das aulas de direção, na matricula da faculdade, na mudança para o 1º apartamento fora de casa. Quem me acompanhou na valsa da formatura, na entrevista para o primeiro emprego e na compra do primeiro carro”.
 
Depois de escrever o texto, ele foi encaminhado com algumas fotos das primeiras horas dela nesse mundo. Fotos que fazia algum tempo que não as revia. Comemorei os meus trinta anos como pai agradecendo tudo o que aprendi com ela.
 
Agradeci, também, o quanto ela representou na minha vida e da nossa família.
 
É a vida que nos oferece os bons motivos a comemorar. Comemo­remos, pois!
Fonte: Nino Marcati

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