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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
07/07/2013 | Nino Marcati: O samba do avião!

O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), como torcedor fervoroso da seleção brasileira, requereu um avião da FAB para levá-lo de Natal ao Rio de Janeiro para assistir a final com a Espanha. Com ele foram noiva e parentes. Tentou justificar dizendo que tinha ido ao Rio para uma conversa com o prefeito Eduardo Paes. Como estava na cidade... O primo dele, o Ministro da Previdência, Garibaldi Alves (PMDB–RN), aproveitou que um avião da FAB já estava no Ceará e pediu uma caroninha até o Maracanã. Levou um empresário amigo com ele.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), chamou um jato C-99 da FAB para leva-lo de Maceió para Trancoso (Bahia) ao casamento da filha mais velha do senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

O presidente do STF, Joaquim Barbosa, que também se considera filho de Deus, foi ao Rio de Janeiro para assistir ao jogo Brasil e Inglaterra, usando a cota destinada ao pagamento de viagens a que os ministros têm direito. Nem Barbosa, nem STF informaram o valor pago ou mostraram o regulamento sobre o uso dessas cotas. Nenhum compromisso oficial no Rio de Janeiro estava agendado para aquele final de semana. Barbosa acompanhou o jogo ao lado do filho no camarote do Luciano Huck.

Eduardo Alves reconheceu o erro e depositou R$ 9,6 mil na conta do Tesouro Nacional, equivalente ao custo normal das passagens aéreas. Ao ser questionado Garibaldi antes disse que se sentiu no direito de pedir que o avião o deixasse “onde ele quisesse ficar" e revelou que já tinha feito isso “outras vezes”, depois acabou dizendo que vai devolver o custo do avião. Renan depois justificar que o avião da FAB foi utilizado para representação do presidente do Senado, recuou e disse que vai desembolsar R$ 32 mil à FAB. Barboza se esquivou delegando as explicações à instituição que preside.

O uso da FAB e das cotas de viagens para fins duvidosos não é novidadeiro. A desfaçatez, entretanto, corrobora a crença de que tais abusos estão encravados nas estruturas dos poderes palacianos e são vistos como direitos adquiridos.

Considerando que esses senhores, além das mordomias e bonificações, embolsam cerca de R$ 30 mil por mês, não seria politicamente adequado utilizarem recursos próprios para os deslocamentos particulares? Mas o caldo cultural acaba falando mais alto e nem o ministro chefe do STF, apontado nas ruas e nas redes sociais como  guardião da justiça e paladino contra a corrupção se deu conta do ato na hora de praticar.

À exceção de Barbosa, os demais protagonistas colocaram na farra pessoas sem cargos que não se importaram se aquela benesse lhes era devida ou não. Tampouco se imaginou a quem a conta cairia. Uma perguntinha básica: quantos brasileiros recusariam um convite dessa natureza?

Em tempo: desde 2002, o uso das aeronaves da Aeronáutica pelo vice-presidente, presidentes do Senado, da Câmara e do STF, ministros de Estado e comandantes das Forças Armadas é autorizado "por motivo de segurança e emergência médica; em viagens a serviço; e deslocamentos para o local de residência permanente".

Fonte: Nino Marcati

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