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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
09/12/2013 | Nino Marcati: Os números não mentem jamais.

  

No dia 3 de outubro do ano passado cerca de 45 mil eleitores decidiram, democraticamente, a composição da câmara de vereadores para o quadriênio 13/16. Enquanto o prefeito é eleito pela quantidade de votos que recebe - o mais votado, desde que não tenha qualquer impedimento – a cadeira de vereador é dependente do desempenho da coligação. É por essa razão que o assento conquistado não é do vereador empossado, mas do partido que ele representa.

O sistema proporcional garante, em tese, o grau de correspondência entre votos e cadeiras recebidas pelos partidos ou coligações em uma elei­ção, garantindo, dessa maneira, que todas as correntes políticas, desde que significativas, sejam representadas no parlamento. Na eleição do ano pas­sado, em Itapira, cada coligação precisou de 4,5 mil votos para sacramentar pelo menos uma cadeira. Cadeiras estas, destinadas aos mais votados de cada grupo. Considerando que todos os candidatos ficaram distantes desse quociente, nenhum componente da atual legislatura foi eleito pelas próprias pernas ou pensamentos.

Na maioria dos países desenvolvidos politicamente e adotantes do voto proporcional para as composições parlamentares, a ideologia dos partidos é que norteia o processo de escolha. Nada mais lógico. Conhecendo o pensa­mento do grupo, as teses que defende e o perfil das suas principais lideranças, é possível antever como serão os votos nos assuntos que afetam o dia a dia da população.

No Brasil, lamentavelmente, a nossa sociedade ainda não chegou a esse ponto. Nossos partidos, uns mais, outros menos, atendem aos interesses pessoais, regionais, corporativos e do poder econômico.

Mas engana-se quem imagina que o eleitor brasileiro não sabe definir os critérios de escolha. Ele busca, a seu modo, identificação com o candidato.

Funciona mais ou menos assim: definidos os candidatos, constroem-se pelo menos dois grandes grupos de eleitores, os que são contra e os que são a favor do governo ou da liderança mais importante. Na esfera nacional, por exemplo, o ex-presidente Lula continua sendo um divisor de águas, em qualquer pleito ele acaba influenciando sobremaneira o caminho do voto para o candi­dato que ele apoia ou para o candidato que reunir chance maior de derrotar o candidato dele. Apesar da fragilidade desse processo, não podemos dizer que o eleitor brasileiro vota sem ideologia, muito pelo contrário.

Voltando a Itapira, as últimas oito eleições (a de 76 não entra nesse raciocínio) foram marcadas pela dicotomia contra e a favor de Totonho Mu­nhoz. Na eleição de 2012, porém, apareceu um componente novo, além dos totonhistas e antitotonhistas, os antiamadores na administração pública. Tal novidade nem deve ser atribuída aos votos majoritários dedicados a Paganini, mas aos votos proporcionais destinados ao grupo liderado por Barros Munhoz que amealhou nove das dez cadeiras possíveis. Elegemos apenas um vereador oposicionista, talvez o petista mais moderado que, curiosamente, não levou para a eleição o perfil antitotonhista. Atributos que devem ter sido somados ao fato do PT governar o país e ser o partido preferido do eleitorado paulista, segundo o IBOPE. O eleitor itapirense, na prática, rechaçou os candidatos que representavam o voto antitotonho. Como diz o velho estatístico, os números não mentem jamais.

Consolidaram-se, então, talvez pela primeira vez na câmara, os conceitos de maioria e minoria parlamentar. Digo pela primeira vez, em função da difi­culdade que algumas pessoas estão tendo para entender, por exemplo, por que os vereadores da minoria quase nada podem fazer naquela casa de leis a não ser tentar atrapalhar o quanto pode os situacionistas e o poder executivo. Enquanto que a maioria que foi eleita com a promessa de ajudar o prefeito a governar, é criticada por essas mesmas pessoas por apoiarem o prefeito. Se à oposição cabe infernizar a vida dos governistas, deve o vereador situacionista entrar na conversa de quem quer ver o circo pegar fogo?

A concepção política de que a maioria é o único veículo de condução de poder foi chutada para escanteio há muito tempo. Os vereadores governistas devem assumir os bônus e os ônus do poder, independentemente das suas aspirações futuras. Aos oposicionistas, só com as pedras nas mãos, restam apenas ouvir o barulho do vidro quebrado? Absolutamente, são eles que fundamentam a democracia moderna e dependendo da forma como atuam, pavimentam as possíveis alternâncias de poder. A responsabilidade do situa­cionista na construção do futuro é a mesma do oposicionista.

É evidente que o desempenho do governo afeta a forma como o eleitor avalia os vereadores. Eu diria, entretanto, que é uma imbecilidade sem tama­nho, achar nesse momento, quais vereadores estão se portando corretamente. Trata-se de uma construção que o eleitor só avalia quando tem que decidir e o faz pelo conjunto da obra. É quando o resultado das urnas mostra a realidade, o quem estava certo e o quem estava errado. Até lá, apenas elucubrações. Algumas, irresponsáveis.

Fonte: Nino Marcati

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