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Artigo
17/08/2015 | Nino Marcati: Para os médicos cubanos nada. Tudo!

O programa “Mais Médicos” e a vinda dos cubanos para o Brasil foi bombardeado até dizer chega. Como ninguém disse “chega”, as resistências diminuíram, mas de vez em quando volta a aparecer. Pois é, esse programa tinha a audácia de querer atender locais com pouco ou sem o recurso mais simples da medicina: o médico e o estetoscópio. A discussão foi politizada, senão absurda. Vi médicos criticando o programa pela falta de estrutura, como se o país pudesse atender a situação ideal num passe de mágica. Vi médicos questionando a competência e a língua dos cubanos, o baixo salário a eles destinados, a separação das famílias que ficariam em Cuba, até as possíveis deserções etc.. Fiquei em dúvida: queriam que se pagasse muito para quem não tinha competência? Queriam se intrometer no sistema político de outro país, a troco de que?

Hoje, dois anos depois, um levantamento divulgado esta semana mostrou que os brasileiros atendidos pelo programa preferem médicos cubanos aos brasileiros. Será que era isso que eles tinham medo? A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) entrevistou 14 mil pessoas em 700 municípios brasileiros entre novembro e dezembro de 2014. Os médicos do “Mais Médicos” (sendo que os cubanos são 11.429 dos 14.462 médicos do programa) receberam, em média, a nota 9 pelo atendimento. Será que os médicos brasileiros que não participam desse programa, mas atendem a rede pública, na média alcançariam essa nota? Mais da metade, 55% dos entrevistados deram nota máxima ao programa. Outros 77% garantiram que tiveram boa comunicação e 87% elogiaram a atenção e a qualidade do atendimento ao paciente. Detectaram consultórios em que os médicos cubanos atendem os pacientes sem a separação de uma mesa de trabalho para poderem ficar perto e tocar na pessoa, olhar no olho. Esse atendimento é mais humano, por isso eles ganharam a confiança da população atendida. É possível constatar que os pacientes, nos postos do programa, procuram mais pelos cubanos do que pelos brasileiros. É comum nas salas de espera comentários do tipo: “os médicos brasileiros sempre saem mais cedo e faltam ao trabalho. Eles, os cubanos, cumprem os horários determinados.” O mais triste dessa história é que muitos brasileiros só foram ter atendimento médico, em toda vida, a partir de 2013.

Um dos médicos cubanos entrevistados disse que eles nunca tiveram dúvidas de que iriam fazer um bom trabalho no Brasil: “A medicina é a mesma em todo lugar, e na América os problemas são parecidos.” E alfinetou: “Em vez de tantos questionamentos à nossa capacidade, a sociedade médica brasileira deveria se preocupar em fazer valer o código de ética, de ajudar mais as pessoas. Aqui se pensa demais em dinheiro”.
 
Obviamente, pensar em ganhar dinheiro não é pecado. Todas as categorias querem ganhar mais. Todas querem ser mais valorizadas. É difícil para quem vive num país capitalista entender o pensamento de quem nasce e cresce num sistema diferente. Talvez os médicos brasileiros possam ter razão quanto à competência dos cubanos, mas para as pessoas que nunca ou quase nunca tiveram atendimentos semelhantes, os caras são os melhores do mundo. Pelo visto, são só mais humanos. Quem sabe a gente consiga absorver esse requisito.
Fonte: Nino Marcati

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