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Itapira, 19 de Abril de 2024
Artigo
02/03/2015 | Nino Marcati: Sangue de barata

A violência física deve ser condenada, sempre, em todas as suas facetas. Característica fundamental da evolução humana que vem substituindo, gradativamente, o uso da força física pela inteligência, pelo poder de negociação, pela força da argumentação.

Dizemos, quase que instintivamente, que o uso da força física no meio de uma discussão, tira do agressor a razão. Queremos dizer com isso, que o agressor perde a condição de estar certo, que ele mata qualquer justificativa, por mais plausível que ela seja. Mas será que a razão, no sentido de coerência, lógica; inteligencia, aquela que demonstra bom senso ou juízo ponderado; sensatez não é perdida antes do primeiro ato de violência ser desferido, em face de uma sórdida violência verbal?

Apesar da nossa intolerância com a violência física. Ganha, cada vez mais, o entendimento de que a violência verbal poder ser mais danosa e mais prejudicial que a física. Convivemos com a violência, não só aquela patrocinada pelo mundo do crime, mas com a cotidiana, no trânsito, nos relacionamentos, em casa, na rua, nas redes sociais e nas empresas, onde a violência verbal acaba ocorrendo de forma repetitiva que pode levar ao estresse, à reação física, à depressão e até à síndrome do pânico. Em suma, a violência verbal não é a mais facilmente curada como se imagina, ela pode repercutir na vida da pessoa prejudicando-a por anos a fio.

Além da gravidade contida no abuso verbal, essa violência não deixa provas como a violência física, onde os ferimentos podem ser atestados nos exames de corpo de delito ou em uma simples avaliação médica. Na maioria das vezes, quando há testemunhas, invariavelmente, umas tendem para um lado, outras tendem para o outro em função das ligações de amizade ou parentesco, raramente há consenso, levando ao agressor físico a pior condição.

Nas redes sociais, onde os agressores produzem provas cabais contra si mesmos, com a naturalidade de que aquele território é livre, a justiça brasileira vem punindo não só os autores, mas todos aqueles que comentam, compartilham ou simplesmente concordam com o que foi exposto (curtindo). Nesta semana, foi noticiado um caso em que a vítima de uma rede social foi inde­nizada em R$ 20 mil, quantia paga por cada um dos envolvidos, diretos ou indiretos, da violência virtual.

O uso da palavra deve ser sempre comedido e respeitoso, em qualquer área ou setor de relacionamento humano, principal­mente, quando se tem em mente a busca de solução. Qualquer idiota sabe que o arrefecimento da crítica tende a emperrar as iniciativas, salvo se a intenção, primeira, seja justamente a de que nada aconteça ou então que o agredido parta para a ignorância e coloque nele a razão que não tinha. A violência verbal, nesse caso, vira provocação barata, mas que pode virar de alto custo.

É corrente no pensamento da maioria das pessoas que para tudo há limite, que nem todos os seres humanos suportam as pro­vocações quando elas extrapolam determinados pontos e levam o agredido a perder a racionalidade, restando-lhe como alternativa, o infeliz ato de violência. Atos que parecem não diminuir, com o passar do tempo, já que a expressão “não ter sangue de barata” continua na boca do povo. Talvez, seja interessante, a sociedade condenar em pé de igualdade as violências verbais e física, deixando para a justiça, quando for o caso, as sentenças cabíveis.

Fonte: Nino Marcati

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