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Itapira, 28 de Mar�o de 2024
Artigo
10/04/2011 | Os bons são maioria! Ainda bem.

A manhã do dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, foi movimentada. Para a OMS, saúde é o estado completo de bem-estar: físico, mental e social. Quer dizer, estar saudável não significa não estar doente, mas ter o corpo e a mente em harmonia, propiciando bem-estar, disposição e vitalidade. Os médicos brasileiros aproveitaram a data para protestar contra os maus tratos profissionais recebidos dos planos e seguros saúde.

Não sei se por ironia ou por mera coincidência, nas primeiras horas daquele mesmo dia, um jovem de vinte e três anos praticou um crime novo em terra brasileira: entrar numa escola, atirar a esmo e matar várias crianças. Ironia por que um sujeito que faz uma coisa desse tipo, não goza da saúde preconizada pela OMS. Pode se apresentar como uma pessoa normal, sem passagens pela polícia, mas carregar um fardo que a atormenta, talvez, desde que estava no útero da mãe. Vieram à tona, na tentativa de explicar o inexplicável, para os considerados normais: a esquizofrenia e o “bullying”.

Provavelmente, quase todos os moradores desse país ficaram chocados com o “massacre na escola carioca”. Digo quase todos, pois muita gente nada ou pouco soube sobre o caso, por ignorância ou desinteresse. Outros por insensibilidade ou sadismo não se chocam com essas coisas. Alguns, até, devem ter ficado maravilhados com o evento televiso e a coragem daquele cidadão que preferiu trocar a vida por alguns dias de fama ou terem achado que o cara fez uma boa limpeza. Parece esquisito, mas tem muita gente assim, nesse mundo.

Causa-me preocupação a resposta que a população costuma dar a crimes dessa natureza, quando ganham grandes espaços na mídia em face da excentricidade. Será que um casal jogando uma criança pela janela voltaria a despertar tanto interesse, de novo? Ou uma mulher que pode ter sido morta, esquartejada e suas partes jogadas para cães famintos ganharia tantos dias no noticiário? Qual é o benefício da banalização do crime? 

É certo que há crimes vinculados a razões diretas de enfrentamento ou prejuízo, moral, social ou emocional entre pessoas. Crimes que podem ser resolvidos nos tribunais e os culpados, punidos. Mas há ações criminosas desprovidas de motivo inspirador qualificado. Cuja condenação é dada pelo próprio réu: o suicídio.

Uma sociedade inteligente aproveita essas tragédias e evolui. Ela reflete e cria mecanismos de defesa, sem interferir na vida cotidiana. A idiota prefere a generalização, bloqueia ao máximo as possibilidades e acredita que conseguirá colocar seus entes queridos sob uma redoma de vidro refratária.

Cabe refletir sobre a aceitação da convivência harmoniosa com pessoas que vivem, implícita ou explicitamente, fora do padrão considerado normal pela maioria. A existência de pessoas portadoras de deficiências, de qualquer natureza, é um preço que cabe à sociedade pagar. Afinal, ninguém poderá dizer dessa água não beberei. Aceitar as diversidades de cor, credo, sociais, políticas, intelectuais, necessidades especiais ou mentais, significa tratá-las com naturalidade, não como especialidade. É transferir para os filhos, amigos e conhecidos o conceito apurado e praticado por vida inteligente. É condenar, veementemente, os próprios filhos sempre que eles deslizarem nessas questões. Assim, como pais de filhos enquadrados nessas diferenças, as aceitem e não as façam de subterfúgios protetores que poderão produzir maus resultados no futuro. E muito menos, impingir à sociedade ou às suas instituições a tarefa que, incondicionalmente, lhes cabem.

Não bastam aos nossos governantes as expressões condoídas pelas vidas ceifadas dos brasileirinhos, num ambiente em que era das suas responsabilidades os cuidados necessários. Além de melhorar a segurança, deverão buscar mecanismos eficientes para restringir o uso de armas de fogo pela sociedade civil. 

Uma grande marca de refrigerantes está veiculando uma propaganda oportuna de forte impacto emocional, cujo tema é: os bons são maioria. Traz-nos a idéia de que não vivemos num mundo onde a maldade prevalece. É o caso, por exemplo, da generalização que se planta na escola pública. Para muita gente, lá só têm bandidos. É como se concluíssemos que naquela escola do Rio não morreram crianças inocentes, mas a maioria de futuros criminosos. Tal pensamento, além inoportuno é totalmente dispensável. As escolas estão aí para transformar as pessoas, elevando seus conhecimentos. Taxar os próprios alunos de bandidos é reconhecer a incapacidade profissional exigida.  Ao aceitar essa verdade, é classificar a sociedade como idiota.

Esperemos, então, que a morte daquelas crianças não tenha sido em vão.

Fonte: Nino Marcatti

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