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Itapira, 18 de Abril de 2024
Artigo
21/05/2011 | Viúva do Pelé é a mãe!
Tem graça isso? Os meus amigos corintianos, aqueles dos “centernada” e dos “sem estádio”, não perdem a oportunidade de rotular a torcida santista, uma das maiores do país - senão do mundo - de “enviuvados do Pelé”. Não são só eles. Os sãopaulinos e palmeirenses também entram nessa onda. No fundo, no fundo, não os condeno. O Santos de Pelé foi traumatizante. Não por meros cinco ou seis jogos, mas por anos de tortura e medo. As outras equipes ao pisarem na grama, acreditavam na derrota. Perder por dois gols de diferença era considerado um grande feito. Sem querer reavivar más lembranças para uns, só o Corinthians ficou onze anos sem ganhar da gente. Traumas que varam gerações. Passa de pai para filho, desde 1956. Faturávamos tudo: Campeonato Paulista, Brasileiro, Libertadores, Mundial Interclubes e os torneios que o mundo organizava - e pagava caro - só para ver o meu time e Pelé jogarem. Não tinha pra ninguém. Mas tem uma coisa que me incomoda. É a injustiça cometida contra vários craques que passaram pela “vila mais famosa do mundo” e foram relegados ao segundo plano pela relevância de Pelé. O embrião dos “meninos da vila”, por exemplo, vem do início do século passado, quando jovens atletas como Siriri, Camarão, Feitiço, Araken e Evangelista formaram a famosa linha dos 100 gols, com 6,25 por partida. Antes de Pelé chegar, Zito, Ramiro, Pepe, Formiga e Vasconcelos davam alegrias ao torcedor santista. Com o rei veio Gilmar, Mauro, Zito, Mengálvio, Coutinho, Carlos Alberto, Clodoaldo, Dorval, Edu, Pagão, Toninho Guerreiro, ufa! Nem dá para colocar todo mundo. Pelé era o maior, mas essa turma jogava um bolão de dar gosto de assistir. Para muita gente, depois de Pelé, o Santos nunca mais seria o mesmo. De fato, como a gente ganhava tudo, a comparação é inevitável. Mas pouca gente se dá conta, que na média, continuamos igual ou ligeiramente superior aos outros “grandes” clubes do país. Só o Santos foi eleito pela Fifa como o melhor das Américas do século XX, enquanto na Europa, esse título coube ao Real Madrid. Somos o único clube brasileiro a conquistar num ano: título estadual, nacional, continental e mundial. Na sequencia, grandes nomes continuaram a dar aos santistas as alegrias costumeiras: Juary, Nílton Batata, Pita, Aílton Lira, Serginho Chulapa, Zé Sérgio, Paulo Isidoro, Rodolfo Rodriguez, João Paulo, Narciso, Giovanni... O raio caiu, de novo, no mesmo lugar. Além de repetir o início do século passado com uma linha exuberante temos, não um, mas dois craques que serão, pelas expectativas, o primeiro e o segundo maiores do mundo. Nomes como Renato, Diego, Elano, Fábio Costa, Robinho, Zé Roberto, Léo, Arouca, Ganso, Neymar etc. nos trouxeram o futebol arte, divertido, as goleadas e os títulos em profusão. Nesses últimos dez anos conquistamos quatro paulistas, corinthias, 3, São Paulo, 2 e Palmeiras 1. Mais dois campeonatos brasileiros, uma copa do Brasil, um vice e estamos nas semifinais da “Libertadores”. Aliás, somos o único brasileiro na competição. Da seleção convocada por Mano Menezes, nesta quinta-feira, só dois clubes do Brasil emplacaram dois jogadores, Santos e Cruzeiro. Seriam três não fosse a contusão do Ganso. Mas tá mal. Noutros tempos, mais da metade dos selecionados eram santistas e traziam a copa. Acho que é por isso que somos a única torcida brasileira a respeitar e cantar o Hino Nacional Brasileiro antes de cada partida. Nós amamos o Brasil e o futebol. Domingo passado, assisti a final do paulista na chácara de um corintiano famoso da cidade. Ele levou a sua trupe. Tinham a certeza da festa. Imaginavam 2009. Eu e meu amigo e companheiro santista levamos um palmeirense solidário para engrossar a reza. Nem preciso falar o que foi que aconteceu. Dizem os supersticiosos que quando dois raios caem no mesmo lugar, outros voltarão a cair no mesmo ponto, dezenas de vezes. É como se a Vila atraísse os melhores jogadores. Daqui a pouco, Neymar e Ganso poderão ir embora e nos enviuvaremos mais uma vez e, assim, será até o final dos tempos. Mas em compensação, teremos muita gente triste por não ter ninguém com tamanha expressão nos seus times. É gente que continuará chorando à espera de um “messias”. Viva o Santos! Viva a torcida brasileira!
Fonte: Nino Marcatti

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