Apesar de ser natural de Campinas, ele frequen­ta Itapira há quase 40 anos, desde que a saudosa Maria Alice Soares abriu, com o marido, o médico Aldo Prado de Rosa, uma clínica de saúde em 76. Desfilou diversas vezes pela antiga escola de Sam­ba Nove de Julho. Além disso, o Chef internacional Carlos Eduardo Soares, o Carlão, 55, possui resi­dência fixa e tem até um filho, a exemplo do pai, cozinheiro famoso nas altas rodas de São Paulo, que mora em Itapira. A mãe, Celeste Simões Soa­res, recebe atendimento numa clínica geriátrica da cidade.

 Falar de Carlão Soares é dar um mergulho numa trajetória improvável de uma pessoa que perse­guiu um sonho e hoje se dá ao luxo de dizer para seus interlocutores, “Eu venci!”. São quase 36 anos de uma trajetória que o coloca nos dias de hoje na rota São Paulo­-México-Lima, sem falar dos ‘pulinhos’ que vez ou outra dá pela Euro­pa, onde também possui vínculos estreitos com o que há de mais famoso na gastronomia mundial.

Atualmente ele leciona Culinária Clássica Regional Brasileira na Universidade de La Cruz, no México, em dois campus, um em Puerto Vallarta e o outro Zacatecas. E também em Lima, capital do Peru.

 Para curiosidade e orgulho da comunidade italiana da cidade, cum­pre registrar que ele é o atual secretário geral da Federazione Italiana Cuoch, espécie de con­fraria que reúne os mais afamados chefs da Itália. Recentemente foi o único brasileiro convidado a participar de um buffet beneficente em Israel e foi também o único chefe brasileiro presente nas Olimpíadas de Inverno em Sochi, na Rússia.

Além de diversas ti­tulações internacionais, exibe com indisfarçável orgulho aquele que consi­dera seu maior feito, ser interlocutor privilegiado no Brasil do lendário chef francês, Patric Martin, vice-presidente da Casa Le Cordon Bleu, uma das mais tradicionais da Eu­ropa. Conheceu Martin num congresso mundial de chefs realizado em 2006 em Quito, na capital do Equador, quando fazia um bobó de camarão. “Ele ficou me observando e depois, sem que eu e ninguém do meu grupo esperasse, se apresentou e me perguntou se podia participar como assistente meu. Sabe quando lite­ralmente você sente que o chão desapareceu dos seus pés? Foi esta minha sensação. Eu não esta­va acreditando! Aquele por quem eu tinha uma admiração inigualável, que vivia torcendo para conhecê-lo pessoalmente algum dia, de repente, ali na minha frente pedindo para ser meu assistente”, relembrou. Desde então os dois trocam figurinhas constantemente e se en­contram em eventos in­ternacionais.

 Curso

O fato de ter se espe­cializado em culinária italiana não o impediu de se esmerar no conhe­cimento de um prato espanhol por excelência, a Paella. “É um prato que desperta em mim uma enorme empatia. Já venci com meus estudantes do México um concurso internacional fazendo este prato”, foi avisan­do. Munido deste seu senso de oportunidade e de sua longa convivên­cia com Itapira, ele está agendando para o dia 10 de junho, um curso de Paella Valenciana, com direito a degustação e harmonização com vinho. Com número limitado de inscrições, o curso será dado no Restauran­te Jhovane, localizado no Parque Juca Mulato. “A paella está na moda. Por isso imaginei trazer um curso aqui para nos­sos amigos de Itapira, e num local que reputo como sendo um dos mais acolhedores de toda a região”, elogiou.

Carlão conta que a ideia é atrair tanto o público masculino, quanto o fe­minino. Dentro do curso estão incluídos os ingre­dientes e o vinho. Ele pretende ensinar como se fazer um prato que combine e harmonize frutos do mar, coxa de aves e linguiça. “Os par­ticipantes irão receber a receita e um certificado de participação”, adiantou.

SERVIÇO

Curso de Paella
Local - Restaurante Jhovane
Parque Juca Mulato
Contato - 99734-4416

Começou vendendo cachorro quente

O caso de amor entre Carlos Soares e a culinária começou de forma inusita­da. “Foi quando fui servir o Exército, no 2º Batalhão de Guarda , em São Paulo”, recorda. Ali, ele travou os primeiros contatos com uma cozinha. “Fui indicado para ajudar na alimentação da tropa e peguei gosto. Ali eu prometi a mim mesmo que seria um chef”, relatou.

 Depois de servir o Exérci­to, Carlão montou um trai­ler de cachorro quente em frente ao monumento da Independência, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. “ Em pouco tempo já tinha quatro deles e comecei a ganhar dinheiro que me ajudou a impulsionar planos mais ambiciosos e tornar o que sou hoje em dia”, orgulha-se. Tem três filhos: Carlos Eduardo Soares Filho, 27, que reside em Itapira, se formou chef e já coleciona passagens por restaurantes como o Fasano, um dos mais famosos de São Paulo; Juan Felipe, 23,segue o mesmo caminho, cursando culinária no Senac, e a filha Caroline, que cursa nutrição na UNIP. “Minha trajetória foi bastante di­fícil, mas hoje eu posso afirmar que persegui e conquistei meu sonho e tenho ainda a felicidade de servir de parâmetro para meus próprios filhos”,