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Itapira, 18 de Abril de 2024
Notícia
02/05/2015 | Contra a industrialização, alfaiates ainda resistem

 

Transformar um pedaço de tecido em uma peça de roupa fina e elegante. Esse é o resumo do trabalho de Hélio Sigolo, 78 anos, e Eloim Roberto Guerra, 56. Considerados artesãos da moda, os alfaiates mantém viva a profissão que surgiu na Europa entre os séculos XII e XIV e que, aos poucos, foi se tornando cada vez mais rara.
Filho de italianos, Sigolo começou na profissão aos 12 anos, depois de decidir que apenas o trabalho na roça não estava sendo o suficiente. No segundo turno, ele foi aprendiz em duas antigas alfaiatarias da cidade e somou quase 11 anos de experiência. Foi então que decidiu dar um passo maior e deixar de ser empregado para abrir o próprio negócio, que já perdura por 55 anos. “Convidei alguns amigos meus para serem meus sócios e eles me falaram que era louco de sair de um emprego com carteira assinada. Mas eu disse que não poderia trabalhar para os outros para o resto da minha vida”, lembrou.
Depois de emprestar um dinheiro de seu pai, ele foi para São Paulo e fez um curso completo, que ia desde cortes e costuras até noções básicas de finanças, que pra ele – semi-analfabeto – foi de grande valia. “Eu não sabia nem fazer conta. A vida me ensinou”.
Com tantos anos de profissão, Hélio Sigolo viu dezenas de mudanças na moda, tendências que surgiram e desapareceram e muitas mudanças na produção de vestimentas. Foi então que os artistas que produziam ternos sob medida e com tecido de primeira foram se tornando cada vez mais escassos. “Muitos foram vencidos pela produção industrial. A confecção chinesa derrubou muita gente. Por exemplo, hoje já não se encontra mais nenhuma fábrica de tecidos nacional, todas importam e revendem”, lamenta.
 
Apesar dos contratempos, o alfaiate relata que a profissão ainda lhe traz muita satisfação e até algumas surpresas, como quando alguém de muito longe vem procurar pelos seus serviços. “Alguns estão em algum casamento, por exemplo, vêem alguém usando um terno bonito, pedem informações sobre o vendedor e acabam chegando até mim. Isso é muito gratificante. Um bom terno demora cerca de uma semana para ficar pronto, mas ver a beleza da peça pronta e a satisfação do cliente é o que conta”, sintetizou.
 
Herança
 
Sobrinho de Sigolo, Eloim Roberto Guerra cresceu no meio da alfaiataria e acabou aceitando a profissão como herança. “Minha mãe trabalhava com ele [Sigolo] e cresci nesse meio. Estou aqui direto desde 1973, praticamente começamos juntos”, contou.
 
Questionado se desde jovem pensava em seguir o mesmo caminho do tio, ele assume que desde sempre se via como alfaiate e que gosta muito do que faz. Assim como o tio, Guerra afirma que a melhor coisa em ser um artesão da moda masculina é ver a satisfação do cliente. “Tem muita gente que não gosta de chegar a um alfaiate, ver o pano, tirar medida e provar várias vezes, mas a maioria vem porque realmente gosta do trabalho. Nosso principal objetivo é fazer uma roupa bonita, perfeita, e ver o cliente feliz com isso”.
 
Finalizando o bate papo, ainda descontrai e diz que a profissão não fica apenas na alfaiataria, mas vai até mesmo para dentro de casa. “Lá sou eu que faço os consertos nas roupas”, brincou.
 
Fonte: Da Redação do PCI

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