Ninguém deve ser condenado por antecipação. A presunção de inocência é uma garantia constitucional. Garante ao acusado a possibilidade de ser vítima da aplicação errônea das sanções punitivas previstas, além de estabelecer as bases para um julgamento justo, com respeito à dignidade humana e o direito de não produzir provas contra si mesmo. Reforçando o velho ditado popular “quem não deve, não teme”!
A política mexe com todos. Os atos advindos podem beneficiar ou prejudicar a vida de meio mundo. Em qualquer país sério, à menor suspeição de irregularidade com a coisa pública, o acusado se afasta do cargo para garantir a eficácia das investigações.
No Brasil é diferente. O acusado não se afasta para oferecer à sociedade um atestado de inocência, justifica que o afastamento, a pedido do envolvido ou superiores hierárquicos, é um reconhecimento de culpa. Balela! O acusado usa a permanência para tentar se livrar da acusação, para que ela caia no esquecimento. Para garantir o posto, silencia para não jogar pedras no ventilador. Foi assim com Delúbio Soares, o tesoureiro do PT na época do mensalão, foi assim, agora, com Vaccari Neto e o
Lava Jato. O PT, decididamente, não aprende com os próprios erros. A demora em afastar os tesoureiros, colocou o partido inteiro na condição de acusado e chamuscou a presidência da república.
Não se pode atestar que o PT, como partido, está em vias de extinção. Renascer das cinzas é rotina dos grandes partidos, no mundo inteiro. Mas é possível prever que a relação do PT com o poder não será mais a mesma, a partir das próximas eleições.