Viaturas da PM passaram a transitar no local desde quarta-feira
A semana passada manteve a indefinição a respeito da situação das dezenas de trabalhadores da Usina Nossa Senhora Aparecida, a grande maioria deles sem receber salários há três meses e sem 13º salário. Após a eclosão de protestos coletivos no finaldo ano passado, ao longo desta semana foram observados fatos que demonstram que o impasse criado pode descambar a qualquer momento para situações indesejadas.
Na quarta-feira de manhã, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Itapira promoveu uma assembleia com cerca de 200 trabalhadores em frente a entrada principal da sede da empresa. Segundo o presidente do Sindicato, José Emílio Contessotto, a assembleia foi convocada para fazer uma avaliação do movimento. O sindicalista disse que percebeu que os ânimos estavam exaltados e por isso deixou o local.
Manifestantes retiraram um caminhão que estava no estacionamento da empresa e o colocaram atravessado, impedindo acesso de outros caminhões que iam retirar álcool e açúcar. Uma testemunha disse que a ação foi muito rápida e pegou os trabalhadores que fazem a segurança da empresa de surpresa. “Um grupo entrou no estacionamento, enquanto que um deles trouxe o caminhão e o colocou atravessado na rua, retirando a chave”, disse o rapaz que pediu para ter a identidade preservada.
Na frente da guarita da entrada principal, foi formada uma espécie de barricada com uso de madeira e pneus, que acabou sendo queimada por volta do meio dia de ontem. Na tarde de quinta-feira, a Defesa Civil foi solicitada para debelar um incêndio ocorrido num canavial localizado nos arredores. Segundo testemunhas, os manifestantes impediram a saída da brigada anti-incêndio da própria Usina. Existe a suspeita de que manifestantes possam estar por detrás do incêndio.
Com o acirramento dos ânimos, viaturas da Polícia Federal passaram a circular pelo local. Na tarde de quinta-feira, o advogado Edson Luiz Neto, que representa o Sindicato da Alimentação compareceu ao local. Disse que não havia nenhuma novidade. “A situação está ficando insustentável. Evidentemente que todos nós orientamos as pessoas para que não cometam nenhum tipo de excesso, mas você há de convir que numa situação onde não recebe salários há três meses, fica mais difícil manter as coisas em ordem”, raciocinou. Neto apontou para uma outra situação ainda mais grave. “Cada dia que passa sem que haja uma solução para a questão trabalhista, menor a possibilidade do início da safra deste ano. Se não tivermos safra, aí tudo vai estar irremediavelmente perdido”, sinalizou. A única forma , segundo ele, de uma tentativa de normalizar a situação seria a imediata quitação dos salários e demais direitos dos trabalhadores. Ele considera válida todas as formas de pressão para forçar o acerto do que é devido aos trabalhadores desde que não configurem qualquer transgressão ao sistema legal.
Encontro
Segundo ainda informou o advogado, foi realizado na cidade de Catanduva-SP na quarta-feira, um encontro de representantes do Grupo Virgolino de Oliveira com representantes de trabalhadores das quatro cidades onde o grupo possui usinas: Itapira, Catanduva, José Bonifácio e Monções. Estavam presentes, segundo Luiz Neto, 13 sindicatos que representam cerca de 6,5 mil trabalhadores.
De Itapira participaram João Batista Araújo, presidente do Sindicato Rural local, e os diretores do Sindicato da Alimentação, Reginaldo Aparecido Batista e Décio Apolinário. Segundo informação dos sindicalistas, nada de concreto foi acertado. “Propuseram algumas medidas paliativas, mas nada a respeito do pagamento de salários”, disse Apolinário.
Reginaldo Batista, João Batista Araújo e Décio Apolinário
O advogado Edson Luiz Neto conversa com policial deslocado para a entrada principal da Usina: situação incômoda
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