Colorir figuras impressas deixou de ser uma atividade só para crianças. Recentemente, duas publicações da autora escocesa Johanna Basford intituladas Jardim Secreto e Floresta Encantada vêm sendo responsáveis por transferir o gosto pelos lápis de cor e pelo papel pré-desenhado para adultos, fazendo com que editoras e livrarias tenham que correr contra o tempo para atender toda a demanda.
A empresária Flávia Leme Carvalho, 38 anos, é uma das adeptas. Ela começou com a atividade há cerca de dois meses, depois que descobriu que a irmã, A arte terapeuta da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Márcia Cristina Quaiatti Antonelli, confirma que os livros de colorir são eficazes para oferecer sensações de relaxamento e prazer e faz comparação com outras atividades, como os exercícios físicos. “Existem inúmeras atividades artísticas, de relaxamento, esportivas, entre outras, que tem a mesma finalidade: relaxar e diminuir o estresse diário. Todas elas, inclusive o lápis de cor, levam à produção de endorfinas e, consequentemente, à redução do estresse, melhorando o humor e o bem estar das pessoas”, explica.
Porém, ela faz o alerta para que as pinturas no livro não sejam utilizadas como único tratamento para doenças mais sérias, como depressão e ansiedade. “Quando o estresse atinge níveis muito elevados e há a presença de doenças patológicas o indicado é que as pessoas procurem a ajuda de profissionais para um melhor e mais orientado tratamento. Neste caso, as técnicas de arte terapia não serão suficientes quando aplicadas sozinhas”, orienta.
Antonelli também explicou que o uso das cores está fortemente ligado às sensações e aos sentimentos das pessoas, inclusive uma associação a algum fato desagradável da vida que ficou no inconsciente. Conforme exemplificou, àquelas que têm tendência à depressão podem evitar as cores mais vivas, assim como as mais alegres dão preferência às cores vibrantes. “A cor, portanto, tem um importante papel em nossas vidas. Ela normalmente está interligada a conteúdos psíquicos, pessoais e culturais, que podem ser acessados, como no caso de eventos reprimidos ou simplesmente esquecidos”.
Sobre a melhor idade para começar na pintura, a arte terapeuta lembra que antes dos três anos de idade, apenas o giz de cera é recomendado devido a segurança. Após essa idade, o lápis passa a ser indicado e ajuda no desenvolvimento da imaginação, criatividade, percepção, concentração e coordenação motora da criança. Mas ela também deixa o conselho para que a atividade seja sempre evolutiva. “Deve-se trabalhar diferentes técnicas utilizando-se a pintura e as texturas para explorar as diferentes formas de expressão, bem como estimular a criança a criar os próprios desenhos e não apenas a preencher desenhos prontos. Permitir que ela utilize as cores que desejar em qualquer figura, evitando rótulos como ‘o céu é azul, o sol amarelo e o coração é vermelho’. A criança necessita ser estimulada livremente e deixá-la viajar pelo mundo da fantasia como ela desejar”, concluiu.que é advogada e tem uma vida estressante, estava pintando um livro para relaxar.
Apesar de gostar de pintura desde jovem, com a correria do dia a dia ela foi deixando o hábito pra trás e só agora retomou. “Quando eu começo a pintar não tenho vontade de parar. Eu esqueço de tudo e entro em outro mundo, um mundo de cores. Pra mim é muito relaxante e bem melhor do que ficar na Internet”, afirmou. Ela adapta seu tempo diário entre os afazeres, o cuidado e a interação com os dois filhos e a terapia com cores e afirma que o livro realmente tem a função antiestresse. “Acalma e relaxa.
Desenhar e pintar oferece este tipo de possibilidade, desde que a pessoa não transforme o livro em uma meta a ser batida. Do contrário, a pessoa fica paranóica. O efeito de um livro desse é muito similar a um quebra-cabeça e se ajudar a desconectar da tecnologia do dia a dia, melhor ainda”, resume.
De acordo com o professor de literatura e dono da livraria itinerante Livrando, Pedro de Godoi Rosário, a alta procura pelos livros de colorir é recente e a maioria dos clientes busca apenas pelos dois títulos mais famosos. “Esses livros começaram a fazer sucesso esse ano, mas me lembro que em dezembro passado vendi um exemplar do Jardim Secreto. Mas, até começar essa febre, a procura era zero. Hoje está uma loucura, todo mundo indo atrás, mas a maioria está focada nos dois da autora Basford, apesar de existirem outros títulos até melhores”, disse.
Os preços dos exemplares podem variar, mas a média de custo é de R$29,90 e não estão inclusos os lápis de cor. Em cada livro, são encontradas cerca de 50 figuras de temas e tamanhos diferentes, de modo a entreter ainda mais o aspirante a artista plástico. “O maior público é de mulheres. A procura pelos dois livros mais famosos é tanta que, se a editora conseguisse atender, já teria vendido uns 30, além dos que já vendi de outros autores”, relatou o professor, que acredita que, apesar de uma verdadeira febre, o sucesso dos livros não deve se prolongar por muito mais tempo.
Benefícios
A arte terapeuta da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Márcia Cristina Quaiatti Antonelli, confirma que os livros de colorir são eficazes para oferecer sensações de relaxamento e prazer e faz comparação com outras atividades, como os exercícios físicos. “Existem inúmeras atividades artísticas, de relaxamento, esportivas, entre outras, que tem a mesma finalidade: relaxar e diminuir o estresse diário. Todas elas, inclusive o lápis de cor, levam à produção de endorfinas e, consequentemente, à redução do estresse, melhorando o humor e o bem estar das pessoas”, explica.
Porém, ela faz o alerta para que as pinturas no livro não sejam utilizadas como único tratamento para doenças mais sérias, como depressão e ansiedade. “Quando o estresse atinge níveis muito elevados e há a presença de doenças patológicas o indicado é que as pessoas procurem a ajuda de profissionais para um melhor e mais orientado tratamento. Neste caso, as técnicas de arte terapia não serão suficientes quando aplicadas sozinhas”, orienta.
Antonelli também explicou que o uso das cores está fortemente ligado às sensações e aos sentimentos das pessoas, inclusive uma associação a algum fato desagradável da vida que ficou no inconsciente. Conforme exemplificou, àquelas que têm tendência à depressão podem evitar as cores mais vivas, assim como as mais alegres dão preferência às cores vibrantes. “A cor, portanto, tem um importante papel em nossas vidas. Ela normalmente está interligada a conteúdos psíquicos, pessoais e culturais, que podem ser acessados, como no caso de eventos reprimidos ou simplesmente esquecidos”.
Sobre a melhor idade para começar na pintura, a arte terapeuta lembra que antes dos três anos de idade, apenas o giz de cera é recomendado devido a segurança. Após essa idade, o lápis passa a ser indicado e ajuda no desenvolvimento da imaginação, criatividade, percepção, concentração e coordenação motora da criança. Mas ela também deixa o conselho para que a atividade seja sempre evolutiva. “Deve-se trabalhar diferentes técnicas utilizando-se a pintura e as texturas para explorar as diferentes formas de expressão, bem como estimular a criança a criar os próprios desenhos e não apenas a preencher desenhos prontos. Permitir que ela utilize as cores que desejar em qualquer figura, evitando rótulos como ‘o céu é azul, o sol amarelo e o coração é vermelho’. A criança necessita ser estimulada livremente e deixá-la viajar pelo mundo da fantasia como ela desejar”, concluiu.
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