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18/01/2020 | Luiz Santos: Discipulado e Radicalidade

Falar em radicalidade em nossa cultura líquida, politicamente correta e absurdamente relativista não é uma coisa boa. Aliás, tudo o que é radical, quando aparece na mídia, ou está ligado aos extremismos religiosos e políticos dos conflitos do oriente médio e outros lugares da Ásia ou tem a ver com coisas desimportantes e destituídas de significados mais profundos, como os assim chamados esportes radicais. Caso contrário, radical, radicalidade, não são palavras bem quistas no vocabulário contemporâneo. Entretanto, radical tem a ver com raiz e radicalidade com o fato de se viver com fidelidade e intensidade o que a raiz proporciona como identidade, subsistência e sustentação do ser. Raiz tem alguma coisa a ver com a essência das coisas. Assim, não é possível ser discípulo de Cristo sem estar enraizado nele: “Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim. "Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma” (João 15.4,5). Esse enraizamento passa, claro e evidentemente, pela união mística, obra realizada pelo Espírito Santo no momento de nossa conversão, do nosso novo nascimento. Mas, tem a ver também com uma vida centrada em Jesus Cristo, centrada em seu Evangelho. Nenhum discipulado será bem sucedido se a nossa vida cristã permanecer na periferia da vida religiosa, numa espécie de comércio de coisas sagradas, em uma postura de freguês ou cliente espiritual. As Escrituras falam dos perigos de se viver não na raiz, no centro do discipulado que é a obediência à Palavra: “Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos. Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência” (Tg 1.22-24). Tiago fala aqui de dois perigos iminentes para a crente: 1. Enganar-se a si mesmo. Isto é, ter falsa segurança de salvação, de perdão de seus pecados, do real estado de sua alma, da aceitação de suas obras e do rumo geral de sua vida; 2. Perda de identidade, não ter consciência de seu ‘estar’ em Cristo e por isso mesmo correr o risco fatal de realizar uma síntese entre o que diz crer e professar e a cultura caída desse mundo e seus antivalores. Um discipulado se torna radical quando três grandes atitudes são tomadas pelo crente, com o auxílio indispensável da graça, no seguimento de Jesus Cristo. O primeiro deles é desejar nada saber, senão Cristo e este crucificado (1 Co 2.2). Lógico que não estou falando de ignorar outros saberes para se ter apenas o conhecimento religioso de Cristo. Falo de submeter todo conhecimento ao crivo da sabedoria de Cristo, de submeter todas as relações humanas ao senhorio de Jesus Cristo para que Ele as valide, corrija, encaminhe e redunde em Sua glória e por isso mesmo em nosso bem. Este é um passo delicado e difícil, mas extremamente necessário. Não é possível seguir a Cristo e reivindicar autonomia sobre qualquer área da vida. Ou pertencemos inteiramente a Ele ou estamos completamente desamparados e perdidos naquilo que ilusoriamente pensamos ser e possuir. Este passo significa que decido viver a minha vida, a totalidade da minha existência com o nobilíssimo e ao mesmo tempo martirial propósito de viver para glória de Deus: Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31). A segunda atitude é o de discernir o que Deus está fazendo no mundo e desejar fazer parte disso por meio da Igreja. É o assumir uma postura missional da própria vida e ter a consciência de que é um missionário do Senhor e está a seu serviço de transformar esse mundo com ações inspiradas no Reino, influenciar pessoas com a ética do Evangelho e apresentar explicitamente Jesus e seu amor no meio em que vive. A terceira grande atitude e o compromisso de se viver na comunidade dos discípulos exercitando o amor fraterno, ministrando esse amor na vida dos irmãos, praticado a longanimidade e a misericórdia para a cura dos faltosos, dos caídos, dos desanimados e confusos. Esta terceira atitude, como desdobramento inevitável da segunda, deve levar-nos a um compromisso de compaixão, amor e transformação da vida do pobre, do vulnerável e do desamparado como sinal de que compreendemos exatamente qual era a nossa condição real antes de virmos a Cristo. Seja um discípulo radical.

 

Reverendo Luiz Fernando é Pastor na Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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