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26/08/2015 | Luiz Santos: Espiritualidade Missionária

 “...e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20).

É bem verdade que todos os cristãos indistintamente são chamados a participar da Missão de Deus no mundo. Todos devem assumir com responsabilidade seu lugar na igreja e no Reino como testemunhas de Cristo e de seu Evangelho. Todavia, a atividade missionária específica carece de uma espiritualidade que seja mais nitidamente cruciforme e mais evidentemente pneumatológica.

O viver cruciforme é um viver interior capaz de suportar e integrar na própria vida o sofrimento de Cristo e o seu morrer em muitas formas de incompreensão, perseguição, privação, sentimento de impotência deixando-se conduzir docilmente pelo Espírito sem jamais desesperar-se (2 Co 4.7-15). Este viver cruciforme nos conduz a um estilo de vida que busca com insistência os essenciais da fé, não nos deixando prender ou escravizar pela cultura do supérfluo que cria em nosso coração falsas necessidades.

Uma espiritualidade guiada pelo Espírito Santo deve plasmar interiormente em nós a semelhança de Cristo. Não se pode testemunhar de Cristo sem espelhar sua imagem e esta imagem é formada em nós na medida em que cooperamos com o ministério do Espírito Santo em nossa alma pelo cultivo de uma vida piedosamente centrada na Palavra, na oração, nos sacramentos e na adoração comunitária. Na espiritualidade missionária, duas outras notas do viver em Cristo devem ser aprofundadas por aqueles que decidem dar uma resposta ao clamor dos povos.

A primeira delas é a imitação da “Kênosis”, isto é, da humilhação de Cristo à forma de servo obediente. Não há missão autenticamente cristã sem que o agente da missão não abra mão de qualquer uma de suas pretensões de superioridade, quer cultural, financeira, religiosa ou educacional. Sem esta renúncia voluntária a distância entre o missionário e a cultura a quem deve servir será insuperável.

A segunda nota deste ‘viver em Cristo’ é a dimensão “encarnacional” da vocação missionária. Não basta uma simples aproximação ou uma acomodação superficial. O missionário precisa encarnar psicológica, afetiva e intelectualmente a cultura que deseja servir a ponto de amá-la como sendo sua. Deve fazê-lo de tal maneira que não passe a ideia de caricatura ou falsa imitação, mas que assume como sua a escala de valores, visão de mundo e códigos sociais quando não radicalmente incompatíveis com o Evangelho.

Naquilo que a cultura possuir de decaída e má, porque não tocada pela Graça redentora de Cristo, é preciso uma vida autenticamente cristã e a demonstração de uma compaixão verdadeira que provoque o desejo de abandono daquilo que avilta a dignidade do homem e ofende a Deus em troca do Evangelho de Cristo capaz de recapitular a cultura e ‘ressignificar’ seus símbolos e códigos enchendo-os de real beleza e plena verdade.

Esta atitude encarnacional deve acompanhar toda a atividade missionária para que uma cultura que venha a Cristo não desapareça pura e simplesmente, mas para que se cumpram as Escrituras: “Para que se conheça na terra o teu caminho, e entre todas as nações a tua salvação. Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos. Alegrem-se e regozijem-se as nações, pois julgarás os povos com equidade, e governarás as nações sobre a terra. Louvem-te a ti, ó Deus, os povos; louvem-te os povos todos” (Sl 67.2-5).

Os povos e as nações, cada em deles com sua língua, em seu contexto geográfico, segundo a sua etnia, a partir de sua cultura, e dentro de suas tradições, reconhecerão as bênçãos de Deus, nelas e por Ele se encherão de alegria e se submeterão ao seu Reinado de paz, justiça e prosperidade eternas.

Não só a nossa mensagem é importante e não só as palavras que dizemos são relevantes. Nosso agir, nossos sentimentos na diversidade cultural, nosso comportamento marcado pela humildade, pelo serviço, pela compaixão, pela autenticidade cristã na assunção da cultura, são marcas do diferencial de Cristo presente em nós. Se nossa espiritualidade não levar à visão de Jesus Cristo em nós, nossas palavras nunca serão percebidas como palavras de Jesus Cristo, aquele que tem palavras de vida eterna para as nações e povos da terra.

Rev. Luiz Fernando Dos Santos É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

Fonte: Luiz Santos

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