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Itapira, 18 de Abril de 2024
Notícia
28/09/2017 | Luiz Santos: O Pão da Vida

O mundo vive esfaimado. Todos temos fome. Mesmo os abastados têm fome de algo, isto é, carecem de alguma coisa que lhes dê sentido e profundidade à vida. Não foi à toa que Jesus escolheu o pão, símbolo da necessidade mais básica do homem para identificar o seu corpo e a sua presença entre nós. Este estado permanente de carência e insatisfação que nos acomete a todos, se manifesta de muitas formas. Os pobres têm fome de pão e de justiça, os vulneráveis, fragilizados e excluídos têm fome de dignidade, os enfermos de toda sorte têm fome pela vida. Todos os pecadores têm fome de misericórdia e perdão. Ao declarar-se pão, Jesus não só se declara alimento, mas faz um gracioso convite para os homens. Ele nos convida para o banquete da vida. Evidentemente que não existe banquete sem alimento, entretanto o comer humano é algo muito diferente do alimentar-se de um animal. Na verdade, o que dá sentido ao banquete são os comensais, as companhias dão todo sabor ao comer juntos. Daqui surge a expressão ‘companheiro’ que significa, comer juntos o pão. E é a isso mesmo que Jesus nos convida, assentar-se à mesa com Ele para comermos juntos o alimento que Ele mesmo serve ao dar-se à nós. Uma vez alimentados pelo ‘Pão Jesus’ em seu Evangelho e na tipificação eucarística, encontramos a vida que tanto ansiamos, todavia, essa vida que possuímos não nos pertence de todo, nós somos alimentados dela para nos tornar alimento para os que ainda não a têm. O Senhor Jesus disse que desceu do céu, como pão vivo, para dar vida ao mundo. Aqueles que por Ele e dele foram alimentados são seus companheiros e participam daquilo que Ele é e veio fazer, pois foi ele mesmo quem disse aos seus discípulos quando confrontados pela miséria dos homens: “Respondeu Jesus: Eles não precisam ir. Deem-lhes vocês algo para comer" (Mt 14.16). Assim, entendemos que a lógica do pão é a partilha, a solidariedade e a comunhão. Os discípulos experimentaram e testemunharam a solidariedade que Jesus teve quando manifestou compaixão pela multidão que era como ovelhas que não têm pastor e não ficou indiferente aos seus sofrimentos. Já os primeiros discípulos conheceram o estilo de vida comunitária que necessariamente surge dos que comem do pão da vida: “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Todos os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos” (At 2.42-47). Essa “fotografia” da Igreja primitiva permanece o ideal da vida cristã para a igreja de todos os tempos, ainda que a aplicação possa e deva ser diferente, os princípios são imutáveis e irrenunciáveis. Os elementos centrais da ética e da espiritualidade cristãs podem ser encontrados nesse texto, ensino, comunhão, partir o pão, orações, solidariedade e compaixão comprometida, alegria, louvor e sinceridade de coração. Podemos afirmar com toda tranquilidade que a igreja de Jesus é a comunidade do pão e da Palavra. Comunidade da palavra que é pão. Comunidade que se faz pão porque alimentada pela palavra. Palavra que verdadeiramente alimenta porque o pão é Jesus. Assim, podemos medir a estatura e a maturidade de uma comunidade de discípulos na medida em que ela se compromete com as fomes ao seu redor. Quando os que a ela se achegam encontram Jesus servido no sermão, Jesus convidando para o banquete no amor dos discípulos, Jesus transformando vidas chamando para servir. Essa maturidade é comprovada quando a comunidade percebe que a ‘sala de jantar’ ainda não está repleta, que ainda há lugares à mesa, e ela sai pelos caminhos e encruzilhadas da vida e ao encontrar mulheres, homens, crianças, drogados, mendigos, prostitutas, homens de negócios, intelectuais, pobres e ricos, todos alienados e experimentando o vazio existencial, os convida para o banquete da vida. E, para lhes convencer de que o pão que está reservado para eles é incomparável em sabor e nutrição, leva-lhes um ‘bocado’ de Cristo em forma de amor, respeito, graça, misericórdia e serviço. Sem o pão que Deus nos dá em Jesus a vida não faz sentido algum. Senhor, dá-nos sempre desse pão e teremos vida em abundância!

Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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