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Itapira, 23 de Abril de 2024
Notícia
05/10/2018 | Luiz Santos: Reforma Urgente

Uma Reforma da igreja nunca se mostrou tão necessária e urgente, nos últimos tempos, como agora. A campanha eleitoral demostrou com clareza diáfana essa nossa necessidade clamorosa. O comportamento passional e histriônico dos evangélicos em torno de certos candidatos causou espécie em muitos. A falta de tolerância, caridade e respeito demonstrados por muitos quando confrontados por opiniões e posicionamentos divergentes foi a nota dominante nas redes sociais. Não só relacionamentos foram quebrados, mas reputações foram destruídas justamente por quem até outro dia era tratado e considerado como irmão. O serviço e o projeto do Reino foram substituídos por pautas político-ideológicas de maneira quase absoluta. O amor entre os irmãos, que deve ser casto, serviçal, paciente e sacrificial deu lugar ao ódio visceral, debochado e doentio. Qual seria a razão para esse estado geral das coisas no meio do povo cristão? Outra resposta não há, mais assertiva, do que a superficialidade bíblica. Não obstante todas as semanas o mercado editorial lançar uma versão bíblica, uma nova tradução ou uma bíblia com recursos novos. Não obstante os pregadores, mestres e teólogos serem onipresentes nas mais variadas plataformas digitais e os cursos de teologia serem oferecidos nas mais variadas modalidades, ainda sim, a igreja evangélica padece de superficialidade e analfabetismo bíblicos. E como as Escrituras são (deveriam ser) para os cristãos em geral, uma regra normativa de fé e prática, isto é, o meio pelo qual somos informados e formados no que devemos crer e esperar e como devemos entender esse mundo e nele viver, a ignorância delas implica exatamente num viver errático nas mais variadas circunstâncias da vida. Para quem deve viver ancorado nas verdades reveladas na Palavra de Deus, possuir um conhecimento deficiente ou insuficiente inevitavelmente será incapaz de fazer escolhas, defender ideias, ideais, plataformas políticas e manter relacionamentos outros, alinhados com a vontade de Deus. E mais, será uma pessoa manipulável, impressionável e acrítico. Agirá sempre com passionalidade e a força de seus argumentos residirá na força com a qual quer impor sua maneira de ver as coisas, entender o mundo e a história. Quando olhamos para o já distante século XVI, nas origens do movimento reformador da igreja, fica fácil perceber que o retorno às Escrituras não promoveu apenas uma mudança de estilo e forma no culto da igreja e em sua organização. A Palavra de Deus passou a modelar também a visão de mundo, a influenciar a natureza e o exercício do governo, da operação do direito e do fazimento da justiça. A reforma da sociedade foi promovida pela mesma Escritura que reformou a igreja. Os homens reformados pela pregação, estudo e conformidade de suas vidas com o Evangelho inevitavelmente passaram a projetar essa reforma em todas as esferas da vida. O casamento e a vida sexual dos cônjuges que era compreendida quase como um pecado consentido, (pois a virtude e a santidade eram coisas apropriadas a monges e sacerdotes por sua escolha de vida superior), passou a ser na reforma da igreja o grande e mais sublime ideal humano de felicidade e santidade. O casamento e a sexualidade foram recuperados como dons preciosos para a realização da pessoa humana e o cultivo da piedade, da santificação e da comunhão com Deus. Na idade média, a compreensão geral do trabalho (sobremaneira o manual), a exceção os monges em suas granjas, era a de uma punição. O homem que nascia pobre, vassalo e que precisasse lutar com a vida para sobreviver estava sob a maldição do Senhor. A pobreza voluntária e a mendicância eram entendidas como virtuosas. A reforma passou a entender o trabalho como parte da vocação do homem e como participação deste na ‘Imago Dei’. O trabalho passou a ser não só virtuoso e desejável, mas o pedir esmolas e mendigar quando não pecaminoso, passou a ser no mínimo indigno da condição humana. A reforma transformou a educação fundamental, a universidade, o Estado e a cultura. Claro, nenhum reformador pretendeu estabelecer o paraíso terrestre. E, por mais entusiasmado que fosse o teólogo e líder eclesiástico, nenhum deles ignorou a depravação dos corações e mesmo salvos em Cristo, jamais duvidaram da pecaminosidade latente em cada homem e mulher. Todavia, a Palavra de Deus era tomada a sério e aplicada em cada circunstância da vida, onde Cristo deseja exercer o seu senhorio. Partiam das Escrituras para avaliar a realidade, testar e comprovar a autenticidade e a verdade das ideias, dos discursos e dos propósitos humanos. O desejo deles era o de serem o mais bíblico possível, estarem o mais possível alinhados com as Escrituras, transcendendo inclusive o sistema e as ideologias onde estavam imersos. Precisamos urgentemente sair da superficialidade e da ignorância bíblicas, se de fato, desejamos cooperar para um mundo melhor do que é hoje, de maneira especial o nosso Brasil.

Reverendo Luiz Fernando é Ministro da palavra na Igreja presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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