Renomado e cujos serviços médicos se encontram entre os mais concorridos na cidade, o médico cirurgião Dr. Cassiano Martelli é  nas horas  vagas um ambientalista de primeira linha. Ideias que aos olhos (e ouvidos) das autoridades constituídas podem parecer absurdas, são por ele defendidas com ênfase, numa espécie de cruzada contra aquilo que denomina como sendo  a eliminação gradual e sistemática da cobertura vegetal da área urbana da cidade.

 

Ele advoga a tese de que nos últimos 30 anos pelo menos  “a cidade esquentou” em decorrência deste fenômeno. Ultimamente ele tem se valido de uma ferramenta tecnológica, um tablet, de onde consegue visualizar com a ferramenta Google Maps toda a cidade. Alí, mexendo daqui e dali vai  demonstrando suas preocupações. “Hoje temos na área urbana pequenos trechos de mata, como o entorno do Instituto Bairral, o Morro do Padre, Parque Juca Mulato e em certos trechos  que margeiam a avenida dos Italianos. Aos poucos tudo vai desaparecendo”, critica.

 

Ele aponta para a área conhecida como a lagoa do Eliel, que compreende uma enorme área que faz junção entre o bairro do Cubatão e dos Prados. “É uma  área de proteção e no entanto a gente observa evidências de que áreas vem sendo aterradas. Em minha idéia imagino que o local possa servir para a implantação de um enorme parque com área verde e pelo menos três grandes lagos . Um parque de múltiplo uso que poderia ser de benefício de toda a população”.

 

Provocativo, Martelli indaga qual  é um dos pontos mais requisitados pelos moradores para uma caminhada, querendo chegar na avenida dos Italianos. Quando o  repórter fala que é um local muito procurado ele  argumenta que se trata de um local inapropriado. “ Quem faz caminhada pela avenida dos Italianos respira monóxido de carbono”,  disse em alusão ao tráfego de veículos pesados que passam pelo local. Cassiano acha que do outro lado da margem do Ribeirão existe uma área propícia para ser trabalhada também com a opção de ser transformada em área de lazer.

 

Sua implicância avança cidade adentro. Sobre a aridez de árvores na região central, propõe  medidas radicais,  como por exemplo a de que a Prefeitura  desaproprie terrenos baldios para a construção de áreas de convívio, devidamente arborizadas. Questionado sobre o custo disto em desapropriações, argumenta que existe uma legislação federal que permite à prefeitura aumentar substancialmente o valor do imposto destes imóveis em caso de especulação imobiliária até que depois de cinco anos possa ser desapropriado o terreno com base em seu valor venal.

 

E tome proposta polêmica: defende que muitas ruas da área central podem perfeitamente funcionar em mão única e que isso permitiria ampliação das calçadas de forma a se plantar árvores de grande porte. “ A cidade tem que ser repensada, questionamentos do tipo para onde queremos ir, qual o ideal de vida a ser perseguido devem ser feitos às autoridades do município”, defende.

 

 

Nestes seus devaneios ambientais, o famoso médico cuidou de colocar em prática uma  iniciativa que consiste no reflorestamento  de sua propriedade,  uma área de cerca de nove alqueires na zona rural, onde   promoveu o plantio de centenas de mudas de árvores, misturando espécies de valor comercial como eucalipto e  guanandi, algumas exóticas e nativas. Uma de suas alegrias é observar a revoada de passarinhos que afluem ao local. Questionado dos motivo pelo qual uma pessoa como ele tão interessado no meio ambiente não participa por exemplo do Condema, respondeu que  lhe falta tempo necessário e que ainda sim, imagina que sua presença seria motivo de problemas: “ sou radical nos meus pontos de vista”. Ainda sim, elogiou a atuação do Condema e elogiou  sua presidente (Maria Odete Moreira Mello) . “ A  Odete é uma pessoa altamente esclarecida e gostaria que você conversasse com ela a respeito disso tudo o que eu falei”, sugeriu à reportagem.