Os padrões das refeições em família mudaram muito com o tempo. Hoje, são raras as famílias que conseguem conciliar o horário de almoço ou da janta com o de seus filhos durante a correria dos dias. As dificuldades de deslocamento ou a falta de tempo têm obrigado às pessoas almoçarem fora de casa. Por sua vez, a industrialização dos alimentos, a tecnologia e a avalanche de mídias - internet e seus derivados, como celulares, computadores e seus programas e TVs com centenas de canais - reduziram o jantar de grande parte das famílias a um bip do aparelho de micro-ondas, onde o alimento do pacote, previamente preparado por terceiros e congelado, vai ser ingerido individualmente no quarto com seus aparelhos eletrônicos, ou mesmo na sala ou na cozinha em frente a uma TV. 

Se alimentar virou um hábito solitário, as noticias do mundo globalizado se tornaram mais importantes do que perguntar como foi o dia no trabalho ou na escola de seu ente querido. Mas o que poucas pessoas sabem é que um estudo realizado por dois médicos americanos e publicado na revista “Pediatrics” mostra o fato de se alimentar em família reduz o risco de obesidade em crianças e adultos.

Foi examinada, em 190 pais e 148 crianças, a relação entre os hábitos familiares do jantar com o índice de massa corporal (IMC), que é um indicador de sobrepeso e obesidade. Alguns estudos já haviam demonstrado que o IMC é sensível a outros fatores de estilo de vida, como atividade física, tomar café da manhã todos os dias e padrão de renda. Algumas questões da pesquisa, dentre outras, dirigidas aos pais, eram sobre quantos dias, em uma semana típica, eles participavam das refeições com os filhos, se conversavam como tinha sido o seu dia e se a TV estava ligada durante o jantar. A atenção do estudo não se concentrou no alimento em si, mas na socialização envolvida no ato de jantar em família.

 

Os resultados demonstraram que os adultos e crianças de famílias que se reúnem na sala de jantar ou na cozinha para comer, ficando na mesa até a última pessoa terminar com a TV desligada durante o jantar, têm menor IMC, ou seja, são mais magras.

Podemos interpretar esse estudo de algumas formas distintas. A primeira é o fato de socializar enquanto se alimenta faz com que nos alimentemos mais devagar, diminuindo a famosa “vontade de comer”. Outra interpretação é a criança, vendo os pais se alimentando de maneira correta, consumindo frutas e verduras, sem aparelhos eletrônicos por perto, começam a seguir os mesmos passos, trilhando assim um caminho longe da obesidade. 

Em casa a maioria das refeições é feitas em família, é o único momento que possuímos juntos para conversar e aumentar os laços familiares. Porém, o estudo mostra que apenas o jantar realizado junto já faz uma grande diferença em relação ao IMC. O mundo está cada vez mais frio, não permita que eletrônicos aumentem ainda mais a influencia sobre sua vida.

Milton Antonio Leitão – É farmacêutico bioquímico – Consultor da Farmácia de Manipulação Formula Athiva – Rua Regente Feijó – 118. Fone 3813-1499 – 3863-5046