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Itapira, 20 de Abril de 2024
Notícia
20/04/2015 | Nino Marcati: A inveja que mata (Parte II)

 

A inveja nasce na admiração e se revela no desejo de ser o que o outro é. Historicamente, além da condenação bíblica, a inveja nunca deixou de compartilhar a ojeriza humana. Porém, ninguém a condena como um mal que aflige a sociedade, apenas as consequências que podem abater sobre o invejado. É o conhecido “olho gordo”. Nem os bebes escapam, ainda é possível observá-los protegidos por adereços vermelhos para evitar o “quebranto” infantil.
Hoje em dia, a inveja não é mais vista como um elemento destrutivo, unicamente. O sentimento de justiça, por exemplo, se desenvolveu a partir da inveja, assim como o impulso de criticar os outros. Deixou de circunscrever o ambiente familiar, social ou profissional para explicar os acontecimentos típicos das esferas de poder, seja no campo político, empresarial, intelectual ou associativo, antes escamoteados. Nem o terceiro setor escapa desse processo. Esferas, que a partir da inveja, as ideologias são alimentadas, as divisões são motivadas e, no ponto extremo, guerras e revoluções geradas.
 
A inveja está intimamente ligada à insegurança e à falta de amor próprio. Manifesta-se diante da necessidade que temos em buscar reconhecimento quando nos sentimos incomodados com a capacidade alheia. Nem todo mundo ultrapassa a razoabilidade. Dependendo do grau de inteligência e do controle emocional a maioria consegue estabelecer os limites para a admiração e desenvolve ações positivas, tituladas como inveja criativa. Para os especialistas, a inveja, o ciúme e a raiva estão alinhados em grau de importância à visão, à sexualidade e à alimentação como contribuintes para a formação da nossa identidade. Em suma, ter uma ponta de inveja não é pecado, nem desabonador. A história registra a inveja criativa rondando a cabeça de muita gente talentosa que se empenhou na produção de seus feitos com mais qualidade e serventia que os dos invejados. O lucro ficou com a ciência, com a literatura, com a música, com a pintura... Com a humanidade.
 
No entanto, descontrolada, a inveja pode se transformar em impulso destrutivo de grande intensidade, onde o invejoso pode provocar danos na própria vida e na do invejado. O invejoso, aliás, ao mesmo tempo em que se desvaloriza, acaba supervalorizando desmedidamente tudo o que o invejado faz. Disso nasceu a expressão: “a grama do vizinho é mais verde”. Ou seja, quanto maior a inveja, mais verde e viçosa será a grama do vizinho, mesmo quando, na realidade, ela está seca ou mal cuidada. O invejoso negativo é um sofredor nato. Ele não consegue desfrutar a maioria das coisas boas da vida. A inveja ativa a área do cérebro ligada à dor física e só quando o invejado se da mal é que às áreas cerebrais do prazer são ativadas.
 
Para encerrar o assunto, uma boa notícia para os invejados de todas as cores, salvo as vítimas dos casos escatológicos. Ser invejado é antes de tudo ter o reconhecimento formal da qualidade que apresenta. Como a maioria passou a cuidar mais e melhor da própria vida, nem a inveja mata mais como antigamente.
Fonte: Nino Marcati

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