Talvez você não saiba, mas 30 de maio é o Dia das Bandeiras. Não confunda, o Dia da Bandeira Nacional continua sendo comemorado em novembro. Descobri essa data por acaso, só não descobri a autoria, nem a finalidade de se ter uma data dedicada a todas as bandeiras.

 

Mas já que a data existe que ela não passe em branco. Aprendemos desde cedo que as bandeiras são usadas para simbolizar as nações, os estados ou territórios, os municípios, os times de futebol ou de qualquer outra modalidade esportiva, os partidos políticos, as entidades, as turmas, as famílias... Adorar a bandeira é adorar o que ela representa. É comum vermos pessoas com bandeiras nas mãos ou nos ombros beijando ou enxugando as lágrimas ou saltitando de alegria ou reivindicando ou protestando ou queimando. Mais comum ainda é vê-las cobrindo urnas funerárias ou sendo sepultadas ou cremadas em associação às paixões dos defuntos.

 

As bandeiras nem sempre estão associadas aos movimentos pacíficos ou alegres. Elas são usadas para simbolizar exércitos, navios piratas, grupos extremistas radicais, facções criminosas... Digamos assim: as bandeiras são símbolos do tipo “pau para toda obra”. Acho que temos bandeiras em excesso, mas sinto falta das bandeiras que levantávamos na juventude, entre os anos setenta e oitenta. As bandeiras do ser contra ou a favor, da tomada de posição. Não que elas tenham sumido do mapa, de vez em quando dão as caras, sem muita consistência. Elas não repercutem como deveriam, tampouco, surtem os efeitos desejados.

 

Tivemos em junho de 2013 grandes manifestações que varreram o país, com grandes concentrações e até Itapira marcou presença. Naquele momento, algumas bandeiras de peso foram levantadas, tinham a força de milhões de pessoas que foram às ruas. Uma força que não resistiu ao tempo. São lembradas, mas parecem que não existiram.

 

Uma das bandeiras pedia o transporte coletivo gratuito, os reajustes foram reprimidos, em algumas cidades os estudantes foram beneficiados com o passe livre ou desconto maior. Mas a qualidade parece continuar lastimável como sempre.

 

Foram levantadas bandeiras contra a corrupção, mas destinadas exclusivamente aos políticos e servidores públicos sem endereçar recados ao conjunto da população que se vale de métodos iguais ou semelhantes no dia a dia.

 

Outra bandeira levantada naquele glorioso mês de junho foi a da reforma política. Não havia um só político que não a tenha hasteado em conjunto, discursado em público e jurado de pés juntos de levar a cabo a tão necessária reforma.

 

Esta semana, depois de vinte anos mofando nas gavetas brasilienses, o assunto chegou à discussão, com a presença de ações malandras e interesseiras. As bandeiras continuaram arriadas, pouca gente está acompanhando as votações e tudo pode “continuar como dantes no quartel de Abrantes”. Proverbio que nasceu em Lisboa, mas que tem o Brasil como inspiração e, provavelmente, como modelo.