Não gosto de me expressar dizendo: Perdi meu pai quando tinha um ano. Prefiro dizer: “Fui privado da companhia dele”. A mim, “perder” remete à “posse”. Hoje, sou a minha “versão” mais atualizada, até chegar à ela sofri enormes “privações”, algumas até impossíveis de serem substituídas, por exemplo: Meu primo Coloçinho e eu, na infância, nas férias, fazíamos tudo juntos, nos entendíamos só no olhar, naquela época, tudo me parecia “natural”, resumo da ópera, nunca mais consegui ter muitos amigos pois eu me baseava na ideia de amizade “ideal” aquela que eu havia tido.

 

Fui privado da companhia de um aluno que foi “chamado” muito jovem, José Guilherme da Rocha Franco Filho, o Colibri, o apelido já diz tudo né! (Evito pensar: Já não se encontra mais alunos como antes).

 

Então “envelhecer” à tantos como ao exemplo dos dois citados não é uma oportunidade que a existência oferece a todos.

 

Em uma pesquisa sobre: “Alegria na Velhice” aparecem como os mais “insatisfeitos” aqueles que viveram sempre se considerando como um “corpo”, são os chamados “Gerontoadolescentes”. “Corôas” que insistem em manter-se com aparência juvenil, suas escolhas são baseadas em valores dos “adolescentes”, os quais Rubem Alves chamava de

 

“Maritacas” porque: surgem sempre em turmas, são todas parecidas e fazem muito barulho.

 

O que são os “Ageless”? São aqueles que são os “sem-idade”; os que, usando uma terminologia do Paulo Coelho, sempre seguiram sua “Lenda Pessoal”, eu vou dizer, sua “voz-interior” ou sua “intuição”. Logicamente que para aqueles que seguem um caminho que seja só seu, que tenha a sua “marca” é necessário abrir mão de alguns fatores tais como a necessidade de ser “bonzinho” aprovado, aplaudido, bem quisto, reconhecido pelos outros. Respeitosamente vou dar alguns exemplos de pessoas que para mim, sempre foram e sempre serão “Ageless”(sem-idade).

 

- Há mais de vinte anos sou aluno do Prof. Fernando Damha, até hoje ele ministra aulas de manhã, à tarde e à noite, sempre comenta sobre novos alunos aguardando vagas.

 

- Toda vez que abro um jornal de nossa cidade, na página Esportes aparece foto do Prof. Barreto recebendo uma medalha.

 

- Tive a sagrada oportunidade de quando meus filhos eram pequenos, ir para praia com um grupo, conosco ia o Sr. João

 

Nogueira de Freitas, empresário dinâmico, participativo, sempre com um sorriso estampado no rosto e com uma palavra otimista e reconfortante, eu adorava caminhar com ele pela praia, ouvi-lo era uma experiência única, sempre ativo, empreendedor, pacificador de conflitos e cheio de esperanças positivas para o futuro.

 

Claro que eu poderia citar muitos outros “Ageless”. Mas o que eles tem em comum? Creio que são os que sempre seguiram intuitivamente seu “chamado interior”, todos se sentindo “satisfeitos”, realizados. Para mim, talvez eles sejam a maior comprovação da frase:

 

“Não somos seres físicos passando por uma experiência psíquica; Somos seres psíquicos passando por uma experiência, corporal”.

 

Prof. Antonio de Pádua Colosso possui Especializações em: Psicanálise e Psicoterapia Analítica de Grupo