Durante entrevista concedida na tarde de ontem, a secretária de Saúde, Rosa Ângela Iamarino, apresentou os novos números da Dengue no município, mas desta vez em novo formato, divididos pelas chamadas Semanas Epidemiológicas. “A Vigilância Epidemiológica trabalha com esse formato de semanas e, portanto, nossos dados estão divididos desta forma. A cada 52 semanas completas fechamos o ano epidemiológico”, explicou a secretária.
Dos dados apresentados, ficou constatado que as recentes ações – nebulização costal e fumacê, visitas das agentes comunitárias e mutirões – desenvolvidas pela pasta têm resultado na diminuição dos casos confirmados. Na primeira Semana Epidemiológica de janeiro, ou seja, entre os dias 04 e 10, foram registrados 242 casos positivos de dengue. Em contrapartida, entre os dias 11 e 17 foram 116 pessoas que receberam a confirmação da doença, o que resulta em uma queda de 47,93%. “Esses números mostram que as ações realizadas em toda a cidade estão influenciando na redução dos casos positivos. Além disso, notamos uma diminuição de mais de 80% do número de criadouros encontrados nas residências durante as visitas das agentes comunitárias e mutirões”, enfatizou Rosa Iamarino. Entre os dias 28 de dezembro e 03 de janeiro, 139 pacientes foram diagnosticados com a doença.
Ainda dentro das ações realizadas na última semana, a secretária disse que desde domingo passado o número de plantonistas no Hospital Municipal no período noturno aumentou de dois para três. Ela também citou a criação de uma sala dentro do pronto socorro exclusiva para atendimento da dengue. “Foi uma maneira que encontramos de acomodar melhor as pessoas. Os casos suspeitos passam pelo médico rapidamente, fazem o exame de sangue e são encaminhados para hidratação nessa sala”, explicou.
Questionada sobre o número de notificações diárias vindas do Hospital, da Santa Casa, dos postos de saúde e consultórios particulares, Rosa disse que não possuía tais dados, mas se comprometeu a levantá-los e divulgar em outra oportunidade. O mesmo será feito com as estatísticas de testes rápidos e demais exames laboratoriais que confirmam a doença.
Em relação ao número de casos de 2014, a secretária disse que as estatísticas finais foram fechadas nessa semana mediante análise das avaliações clínicas. “Desde o começo a Jose (Josemary Apolinário, chefe da Vigilância Epidemiológica) vem dizendo que os números não estavam fechados, pois em caso de epidemia era necessário checar as avaliações clínicas e não contabilizar apenas os exames laboratoriais”, disse. Após a nova contagem, o número final passou a ser de 684 casos positivos.
População preocupada
Durante a semana, a reportagem esteve no Hospital Municipal e na Santa Casa para averiguar denúncias de superlotação e descumprimento das normas previstas no protocolo do Ministério da Saúde, como o preenchimento da notificação compulsória dos casos suspeitos.
No Hospital, Cristiane Gonçalves, 28 anos, disse que passava por atendimento pela primeira vez, pois estava preocupada com os sintomas de náusea, tontura, dores nas costas e no tórax. “Passei pelo médico e ele desconfiou de dengue ou bronquite. Ele pediu um hemograma e estou aguardando o resultado”, relatou. Moradora do bairro Jardim Galego, ela disse que desconhecia casos positivos em sua rua, mas notou que no período que aguardava ser chamada, muitas pessoas passaram por atendimento com suspeita da mesma doença, sendo que algumas também aguardavam resultados de exames.
Preocupada com o filho de 21 anos que tomava soro e também era considerado caso suspeito, Dagmar Soares, 50 anos, disse que já teve dengue há cerca de um mês. Ela relatou que na região da Praça da Árvore, onde reside, todos os vizinhos estão muito preocupados com a situação e mediante qualquer sintoma procuram o médico imediatamente. Questionada sobre a notificação compulsória no caso de seu filho, ela disse que no primeiro dia que ele buscou por atendimento (domingo) nenhum documento foi feito, pois o médico alegou que o caso era recente e era preciso aguardar um pouco mais.
Nas redes sociais, muitas pessoas têm reclamado que estão sendo atendidas com suspeitas de dengue e não é feita qualquer notificação compulsória, tampouco é entregue a carteirinha da dengue. Entre os comentários, muitos afirmam que a Secretaria de Saúde está omitindo os casos reais, pois não são registrados. “A notificação é obrigatória e o paciente pode e deve exigir que ela seja preenchida, seja no hospital, na Santa Casa, nos postos de saúde ou consultórios particulares. Podem ocorrer casos em que a ficha fica para ser preenchida depois e a Vigilância Epidemiológica entra em contato na ausência de algum dado. Em uma situação de epidemia a gente entende que no sufoco do atendimento a prioridade é cuidar do paciente em detrimento à parte administrativa”, declarou.
Ainda sobre o boato que os números divulgados não são os reais, Rosa disse que no começo da semana fez um pedido para que todos os laboratórios do município enviassem o levantamento dos casos positivos de dezembro e janeiro. “Algumas pessoas falam em 600 casos positivos, mas esses números não estão chegando até nós. Fizemos essa solicitação para comparar com os números da Vigilância Epidemiológica”, concluiu.
Preocupada, população busca por atendimento no Hospital Municipal
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