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Itapira, 20 de Abril de 2024
Notícia
23/01/2015 | Um educador de homens de bem

 

Atleta de alto nível conquistou muitas medalhas para a cidade

 

Renato Bortoloci Ferreira, recordista sulamericano do salto com vara, recordista brasileiro do salto em altura e do decatlo em sua época de atleta, já viveu e vive muitas experiências no âmbito es­portivo, mas não esquece a forma como foi inserido nesse mundo chamado Educação Física. Para ele, os ensinamen­tos recebidos daquele que se tornou seu ídolo, José de Oliveira Barretto Sobrinho, o Seo Zé, como costuma chamá­-lo, jamais serão esquecidos.
 
Tudo começou na década de 60, quando ainda residia em Mogi Mirim. “Em 1968 conheci o professor de Educação Física do IEE Monsenhor Nora, de Mogi Mirim, enquanto cursava a 1ª Série do Ginasial – não me recordo o nome dele -, e naquela época as turmas de Educação Física eram com­postas por alunos da 1ª até a 4ª série (mais tarde com as mudanças na nomenclatura, passou a ser 5ª a 8ª série) para formar uma classe e somente os mais velhos é que tinham oportunidade de participar das aulas, pois só duas equipes eram escolhidas para jogar o futebol de salão, e após a chamada o professor se recolhia na saleta dele dei­xando os alunos sozinhos”, lembra. “Os que não eram escolhidos ficavam somente assistindo ou iam embora. E assim foram as aulas durante três longos meses. Um belo dia, fiquei animado pela aula que iria acontecer, mesmo sob os protestos dos mais velhos, pois não seria o tal do futebol. O professor con­tou uma história e mandou que todos rastejassem na terra, como eu não queria sujar o uniforme branco, fiz o exercício sem encostar mi­nha roupa no chão, pois com certeza apanharia da minha mãe quando chegasse em casa com a camiseta e o short sujos. O professor forçou com o pé as minhas costas até que minha barriga tocasse o chão, deixei a aula chorando antes mesmo do término e na saída entortei a antena do carro do professor e nunca mais apareci nas aulas de Educação Física e, consequentemente, repeti de ano.
 
Mas o destino mudaria a história daquele menino com a mudança de cidade. “Minha família mudou se para Itapira e eu fui matriculado no IEEESO para refazer a 1ª Série. Houve uma reunião no início do ano letivo, com todos os alunos da Educação Física no anfiteatro da escola. Logo apareceu no palco a figura do professor Barretto e ele começou se apresentando e dando as boas vindas a todos os alunos, tanto os novos como os demais. Apresentou com entusiasmo as atividades que deveriam ser desenvol­vidas pela Educação Física masculina. Primeiro falou de um exame biométrico que eu nunca tinha ouvido falar, passeio campestre para alunos do ginásio, onde acontece­riam caminhada até o sítio de alguém importante, jogos, pescaria, poderíamos comer frutas do local e teríamos que levar os nossos lanches; falou também de uma olimpíada onde todos poderiam par­ticipar, pois haveria várias competições a livre escolha e que todos seriam escolhi­dos (ninguém seria excluído), também falou de um campe­onato de ginástica básica (eu adorava virar cambalhota e dar estrelinhas) e que para os alunos do colégio haveria o famoso acampamento”, rememora. “Também falou do campeonato colegial e que a escola era bicampeã desta competição no atletismo. Falou também de ex-alunos como Valdir Barbanti e Pau­lo Roberto de Oliveira, que representaram o Brasil em competições internacionais, e que também participaram deste evento colegial, e que eram atletas no EC Pinheiros. Eu achei isso muito importan­te, mas estava interessado mesmo é nas atividades que o professor disse que iríamos ter durante o ano. Nesse dia me encantei com o professor e consequentemente com as aulas de Educação Física, pois vi naquele mestre que se apresentava o quanto ele valorizava e gostava de ser professor de Educação Física”.
 
Bortoloci não imaginava que ali estaria começando seu encantamento pela Educação Física. “Nunca pensei que a Educação Física pudesse ser tão prazerosa. Suas palavras eram seguras como as de quem sabia o que estava fa­lando, ele me mostrou uma nova Educação Física, tão diferente da que eu tinha conhecido”, elogia. “Sempre participei de tudo, inclusive de uma minimaratona que foi de Itapira até Mogi Mirim e festival de resistência no campo da escola, pois nun­ca fui excluído de nenhuma atividade. Aquela figura lá no palco do anfiteatro do IEEESO virou meu ídolo, era o Seo Zé”.
 
Essas lembranças ainda estão vivas na memória do hoje professor de Educação Física, de 58 anos, e com o incentivo de Barretto iniciou, naquela época, a praticar o atletismo. “Comecei a praticar o atletismo com o incentivo do professor Barretto, pois ele via em mim qualidades para o esporte que só ele era capaz de ver, com seu olho clínico”, explica. “Fui atleta de nível internacional representando o Brasil em di­versas competições, durante três anos participei de um estágio de treinamentos na Alemanha, onde aprendi os segredos do treinamento para o atletismo. Fui recordista sulamericano do salto com vara, recordista brasileiro do salto altura e do decatlo”.
 
Sem falsa modéstia, Bortoloci lembra que foi o responsável por mudanças fundamentais no treinamento da modalidade de salto com vara. “Mudei o jeito de treinar e de saltar vara no Brasil e com certeza fui pioneiro em Itapira nesta modalidade tudo por incentivo do velho mestre”, frisa. “Tive influen­cia sim do professor Barreto para me dedicar à Educação Física e tudo pelo educa­dor que ele é. Atualmente, trabalho na prefeitura de Santo André, trabalho com atletismo e natação para a terceira idade (atletas acima de 60 anos) participando de competições”.

 

Tantos anos depois, tantas competições e atividades na área esportiva, entretanto, não apagam da memória de Bortoloci o quanto Barretto foi importante nesse contexto. “Muito tempo depois é que eu descobri que ele não era só um professor empolgado pela Educação Física, mas sim um educador de homens de bem”, encerra.

Bortoloci se tornou um especialista no salto com vara

Nos Jogos Regionais de 90, com o irmão Gilberto em terceiro

 

Fonte: Da Redação do PCI

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