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Itapira, 24 de Abril de 2024
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20/08/2014 | Vanderlei de Lima: Eleições e moral de plebiscito

 

 

Prezado leitor, proponho-lhe, hoje, um teste aos nossos candidatos ao executivo e ao legislativo: para perceber se são autênticos defensores de princípios éticos basilares ou se estão tentando ludibriar o eleitor de bom-senso basta perguntar-lhes o que pensam a respeito do aborto, da eutanásia e da defesa da família monogâmica e estável.

 Se responderem que são contra o aborto e a eutanásia e defensores da família por serem todos estes “princípios inegociáveis”, então temos diante de nós homens e mulheres que merecem o voto dos verdadeiros cristãos e das pessoas de boa vontade em geral.

Contudo, se começarem a falar que “pessoalmente” defendem tudo isso, mas, no cargo público, terão de promover referendos para ver se os seres humanos merecem ou não o assassinato no ventre materno ou se os idosos e doentes graves podem ser sacrificados pela eutanásia e a família natural será destruída, já não fazem jus ao nosso voto.

Estamos, neste caso, diante de mais um(a) oportunista sem princípios que deseja nosso apoio, mas quer uma moral que não tem fundamento em Deus e em sua lei. Ao contrário, pleiteiam uma ética decidida por plebiscito com a finalidade de subverter a ordem natural das coisas para implantar – sorrateira ou ditatorialmente – o caos em nosso país.

Devemos notar que o Papa Leão XIII, autor da encíclica Rerum novarum [Das coisas novas], defendeu, em pleno século XIX, contra o pensamento dominante ou “politicamente correto” de então, o direito de associação ou, em outras palavras, de sindicatos livres aos trabalhadores (cf. RN n. 38), mas também foi enfático ao exaltar a primazia da lei de Deus ante ideologias que visavam dar poder irrestrito às multidões em nome de uma pretensa “soberania popular”.

Sim, aquele Pontífice ensinou, por exemplo, o seguinte: “Tudo o que há de autoridade entre os homens procede de Deus, como uma fonte augusta e suprema. Quanto à soberania do povo, que, sem levar em nenhuma conta a Deus, se diz residir por direito natural no povo, se ela é eminentemente própria para lisonjear e inflamar uma multidão de paixões, não assenta em nenhum fundamento sólido e não pode ter força bastante para garantir a segurança pública e a manutenção tranquila da ordem” (Immortale Dei, n. 36).

Isso posto, é necessário, mesmo ante menosprezos e escárnios, lembrar-se de que os verdadeiros princípios morais se regem pela lei divina, ou seja, aquela lei que Deus promulga através da natureza das criaturas. Ela se subdivide em física, quando se identifica com as leis da natureza que regem as criaturas sem haver conhecimento e liberdade por parte destas (leis da gravidade, da atração, da matéria, da flutuação etc.), e moral, que coincide com as normas morais que o homem pode conhecer mediante a luz da razão, sem a fé (não roubar, não matar, honrar pai e mãe etc.).

É certo que a lei natural impõe regras ao ser humano: no plano físico não se pode comer pedras, respirar gás carbônico, tomar veneno, deixar de dormir por certo tempo etc.; no plano moral, há normas importantes também, como não se alimentar em demasia, não exagerar no uso de bebidas alcoólicas ou na prática do sexo, entre outras coisas.

Quem desrespeita essas leis biológicas ou éticas se desintegra física e psicologicamente. E mais: é perigoso banalizar a lei natural, pois, sem Deus como fundamento do agir moral, alguns homens se colocam no lugar do Criador para aí legislarem criando, assim, os grandes regimes totalitários da história que, sob aparência de dar poder ao “povo oprimido”, escraviza-o ainda mais com leis de aparências populares, mas, na prática, aviltadoras da mulher e do homem do século XXI sedentos da verdade e do amor fraterno, serviçal e desinteressado.

 

Vanderlei de Lima é filósofo e escritor.

Fonte: Vanderlei de Lima

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