“Meditarei nos teus preceitos.” (Sl 119.15).
A Bíblia não é um livro como outro qualquer. Na verdade, ela não é como uma biblioteca qualquer. Ela é uma biblioteca de valor e conteúdo muito superiores, inigualáveis, transcendentes. Os outros livros, ainda que surgidos de mentes brilhantes como os filósofos gregos, ou os retóricos latinos, os filósofos alemães, ensaístas franceses ou literatas e dramaturgos ingleses e americanos. Isso sem contar os poetas e escritores espanhóis portugueses e brasileiros mais achegados a nós, vieram à lume por meio de almas e inteligências caídas pelo pecado, cujas impressões e inclinações contém a marca do erro.
A Bíblia por outro lado é de inspiração divina: “Toda a Escritura é inspirada por Deus.” (2Tm 3.16) e ainda “Nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (2Pe 1.20,21). É assim que consideramos a Bíblia, como de fato é, a Palavra de Deus. Exatamente por causa disso, a nossa leitura dela requer cuidados e atenção diferentes.
Evidentemente que com isso não estou dizendo que não se deva levar a sério e não dar a devida atenção às outras fontes de conhecimento e edificação da mente, inteligência e alma humanas. Longe disso, o cristianismo e de modo especial nós Reformados sempre tivemos em altíssimo apreço a cultura e a aquisição do saber.
Contudo, a nossa leitura das Escrituras tem outras motivações, mais que uma leitura, se trata de um relacionamento, de um diálogo estabelecido na forma de leitura e meditação. A Bíblia deve ser lida em contexto de oração, de devoção, de reverência, coisas que nunca dispensam a inteligência, o estudo e a disciplina.
O cristão deve aproximar-se da Bíblia com a certeza de que Deus vai falar-lhe ao coração, vai iluminar a sua mente, aquecer a sua alma e desafiá-lo a uma vida mais perfeita na caridade e na ética. Por isso, a leitura da Bíblia não pode ser descuidada, improvisada, apressada e desorganizada.
Sendo um diálogo, qualquer atitude nossa de negligência, seria uma mostra de desrespeito, desacato, indiferença, insulto, arrogância e etc. Não dar a devida atenção a quem nos dirige a palavra é grosseria e falta de educação.
A leitura da Bíblia deve ocupar toda a nossa atenção e todo o nosso afeto, precisamos estar nessa relação por inteiros, como esfaimados não podemos nos dar o luxo de perder nenhuma migalha. É aqui que entra a disciplina espiritual da meditação das Escrituras. Ela permite que a Palavra de Deus não se perca de nossa mente a ponto de jamais aquecer a alma.
O Salmo 1 afirma que a meditação prazerosa da Palavra de Deus produz vida abundante, frutuosa e feliz (Sl 1.3). O Salmo 119 também possui muitos ensinos quanto à utilidade espiritual da meditação constante das Escrituras: Evita o pecado (v.11); Evita o sofrimento por causa da vida errante (v.67); Livramento frente aos soberbos (v.78); Fortaleza em tempos de angústia (v.92); concede a vida (v.93); dá sabedoria (v.98); dá prudência (v.100); afasta da falsidade (v.104) e etc. A meditação nos traz à memória os grandes feitos de Deus no passado enchendo o nosso coração de coragem no presente e esperança quanto ao futuro, na firme convicção de que cumprirá todas as suas boas promessas.
Sem a meditação a Palavra de Deus não permanece em nós, não faz morada em nosso coração, não imprime graça e poder em nossa mente. Sem a meditação das Escrituras não chega a ser formada em nós a mente de Cristo.
Devemos ler as Escrituras neste contexto de oração, busca de exatidão do texto, memorização do registro Bíblico, repetição (ruminação) da porção lida na mente e no coração. Devemos anotar, transcrever porções, versículos, palavras que nos despertaram afetos piedosos e nova compreensão mais profunda da Palavra de Deus.
Devemos anotar nossas impressões pessoais do texto e depois transformar tudo
Reverendo Luiz Fernando
Pastor Mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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