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Itapira, 25 de Abril de 2024
Artigo
10/07/2013 | Luiz Santos: A Igreja e a crise institucional brasileira

Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para Boas Obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2. 10).

Por esses dias vi o diretor executivo da Transparência Brasil, Cláudio Abramo, interpretar uma pesquisa sobre a credibilidade das instituições brasileiras. Isto é verdade, no rescaldo das manifestações que varreram o país nos últimos dias. A classe política figura lá no topo daquelas que sofrem maior desgaste junto a opinião pública. Depois as forças policiais, o judiciário brasileiro, as instituições de ensino e claro, as religiões. Dentro do espectro religioso, a igreja evangélica brasileira não possui uma imagem muito favorável junto à população.

Gostaria que isto fosse verdade, caso o motivo fosse a nossa fidelidade ao Evangelho, o nosso compromisso profético com a transformação da sociedade, a luta pela superação das desigualdades sociais e a promoção e defesa da vida. Oxalá, fôssemos rejeitados por sermos apegados ao bem, por fazer de nossas estruturas armas de defesa dos pobres, de nossa visibilidade na mídia e de nossa penetração no centro do poder para fazermos a vez dos marginalizados, dos excluídos da sociedade e etc.

É verdade, existe muita coisa boa acontecendo de maneira pontual na Igreja Evangélica no Brasil. Não são poucas as instituições sérias que cuidam da infância em situação de vulnerabilidade, comunidades terapêuticas comprometidas com o auxílio aos dependentes químicos, ONGs que se ocupam da geração de renda, educação ambiental, resgate da dignidade humana, educação, saúde e por ai vai. Sem falar em esforços como o da Aliança Evangélica Brasileira que pretende ser um fórum onde as grandes questões da nação são tratadas à luz da fé cristã e que pretendem posicionar a Igreja Cristã frente aos embates nacionais nos campos da ética, da justiça e toda a conjuntura.

Infelizmente, a igreja evangélica brasileira ainda é institucionalmente “acéfala”, desestruturada, cresceu pela Graça de Deus, mas não se organizou devido ao pecado e a vaidade humana, denominacional e etc. Por isso mesmo, uns poucos se fazem passar por todos e assim, aquilo que possui maior visibilidade, maior poder midiático e financeiro passa a imagem de que “todos somos” assim, de que todos temos a mesma mensagem e a vivemos de um mesmo jeito, é a partir disso é que somos repudiados. Absolutamente não.

Se o denominacionalismo necessariamente não é a nossa glória, e sem ele não podemos existir, já a igreja local pode ser a nossa grande oportunidade. Podemos começar a mudar a nossa imagem junto à população, não para tornarmos mais populares e nem mais aceitos, mas para sermos mais fiéis ao projeto redentor do Cristo, encarnando-nos profundamente na comunidade onde estamos plantados. Não podemos ser um corpo estranho no tecido social. Não podemos nos dar ao luxo de sermos neutros ou na pior das hipóteses, parasitas sociais. A Igreja não pode ser vista como um acessório cultural, antes, ela é fermento no meio da massa. Deve ser sal e luz. Dever inserir-se para provocar transformações irreversíveis. Deve investir na criação de homens novos para um mundo novo já aqui e agora, enquanto aguardamos o Reino definitivo.

Nossa esperança escatológica de novos céus e nova terra não pode alienar-nos de nossa missão no mundo. Os pobres, o povo em situação de rua, a violência contra a mulher e a criança, a epidemia do crack, o drama das imigrações e dos subempregos quase escravagistas e a violência gratuita de nossas ruas são problemas nossos, da Igreja, temos a nossa parcela de responsabilidade social.

Os membros de nossas igrejas devem ser formados e incentivados a assumirem o seu protagonismo na sociedade. Não se trata de chegar ao poder, mas de colocar-se a serviço. Nosso capital ético, moral, espiritual não podem de maneira alguma ficar retidos dentro de nossos muros. Todavia, para que tenhamos homens e mulheres capazes de prestar um serviço significativo, transformador, diferente e relevante, não podemos descuidar da pregação expositiva, da leitura proveitosa e da prática concreta das Escrituras Sagradas. Para que possamos oferecer à sociedade homens e mulheres que brilhem como luzeiros, não podemos descuidar da vida de oração e piedade, da prática do amor fraterno e da imitação do Senhor Jesus Cristo.  Para nos expormos ao mundo devemos lembrar-nos sempre que: “O juízo deve começar pela Casa de Deus” (1Pe 4.17).

Reverendo Luiz Fernando

Pastor da Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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