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Itapira, 27 de Julho de 2024
Artigo
03/10/2012 | Luiz Santos: Memorial

 “Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que ele venha.” (1Co 11.26).

O sacramento memorial da paixão, morte e ressurreição possui raízes profundas no Antigo Testamento. Jesus o instituiu na noite anterior ao seu sacrifício na cruz, dentro do contexto pascal, durante a ceia memorial da saída do Egito. O Senhor Jesus Cristo deu sentido pleno, real, verdadeiro e espiritual àquela comemoração, agora em tudo muito superior aos “feitos” de Moisés, do sangue nos umbrais das portas ou da travessia do mar vermelho a pé enxuto. Agora, Jesus aponta para o seu sacrifício na cruz que nos libertará de nossa escravidão mais profunda, a do pecado e da morte e deles nos resgata por meio de sua vida entregue, do seu corpo macerado e de seu sangue vertido.

A eucaristia é memória e ação de graças por este evento único e definitivo. A ceia do Senhor deverá ser celebrada pela Igreja entre a partida e a volta gloriosa de Jesus, entre a ascensão e a parusia, a Igreja reunida proclama a morte vitoriosa de seu Senhor e aguarda com ânsias de amor o seu retorno triunfal.

A celebração eucarística se confunde com a própria identidade e história da Igreja. Nos primeiros dias de sua vida temos sinais evidentes no Novo Testamento de que sua ministração era no mínimo semanal: At 2.42ss; 1Co 11.17ss. A prática dominical da ceia do senhor pode ser atestada nos mais antigos documentos cristãos: A Tradição de Hipólito, a Tradição de Justino; A Didaqué, a didascalia Apostólica; Os eucológios gregos e os demais escritos dos pais da Igreja, todos compostos entre o final do século I e século VII. Sem mencionar o testemunho indireto de autores pagãos como Plínio, Josefo, Suetônio e etc., que levantavam suspeitas quanto às reuniões secretas dos cristãos, alguns até acusavam os discípulos de Cristo de canibalismo porque “comiam carne e bebiam sangue humano” em suas reuniões semanais. Estes testemunhos da história comprovam a celebração da eucaristia como parte integrante e essencial do culto prestado pela Igreja.

É estranha à índole e à natureza da Igreja reunir-se para a adoração sem a ministração da ceia do senhor. Quem sustenta pensamento diverso não poderá apoiar-se nem nas Escrituras nem na história da Igreja. Esta concepção de celebrações esporádicas surgiu com Zwinglio, nos dias da Reforma em seu afã de devolver à primazia as Escrituras e a pregação. Contudo, Luthero, Calvino e os Puritanos nunca foram partidários desta ideia. Todavia, por circunstâncias históricas variadas ela prevaleceu em muitos contextos, sobretudo nas igrejas mais jovens como as “americanas e latinas”.

Há quem sustente que a ministração da ceia em todos os domingos poderia banalizá-la. Ora, o sacramento é um meio de graça como a oração e a leitura das Escrituras. Deveríamos orar e ler a Bíblia apenas uma vez por mês? Outros afirmam que o culto ficaria mais longo o que cairia no desgosto de muitos! Prefiro não comentar esta afirmação. Há ainda os que advogam que ela tiraria o devido tempo do louvor e da pregação. Deixa ver se eu entendi: A Ceia então seria um estorvo, um mal necessário? Por último, alguns preocupam com os gastos com o suco de uva ou com quem vai fazer o pão. Se essas fossem todas as preocupações de uma administração eclesiástica, nossa igreja seria quase um céu, quase, exatamente pela demonstração de tão grande mesquinhez.

A celebração da eucaristia deveria ser dominical. Ela expressa a comunhão dos crentes com Cristo e entre si. Ela sela as promessas da Palavra, nutre pela fé a nossa alma, enche de santas disposições nosso coração para a piedade e a devoção e nos desafia para uma vida de entrega, oblação e amor incondicional. Coisas para as quais os elementos, os gestos, as palavras e a memória nos apontam em cada pão partido e em cada cálice compartilhado.

A partir do próximo domingo na IPCI, todas as vezes em que nos reunirmos para a adoração pública, cantaremos os louvores de Deus, invocaremos o seu nome poderoso, oraremos no nome e na autoridade de seu Filho, ouviremos o que o Espírito diz à Igreja por meio da exposição da Palavra e nos assentaremos à Mesa do Senhor, relembrando o seu sacrifício e vigilantes aguardando a sua volta. Maranatha!

Reverendo Luiz Fernando

Pastor Mestre da Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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