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Artigo
03/12/2014 | Luiz Santos: Nobre e Humilde Serviço: Diaconato

“Quanto aos diáconos, é necessário que sejam respeitáveis” (1 Tm 3.8).

O diaconato juntamente com o apostolado são os únicos ministérios do Novo Testamento que encontramos o registro do momento exato de seus surgimentos. Grosso modo o Evangelista Marcos (Mc 3. 15-16) registra que depois de ter orado Jesus escolheu os que ele quis e os designou e então segue a lista dos doze (Veja também o texto paralelo de Mateus 10. 1-4). O registro do surgimento dos diáconos foi feito pelo Evangelista Lucas no livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 6. O contexto é bem preciso, os apóstolos estavam sentindo-se sobrecarregados em seu ministério que além da dedicação à oração e ao ensino da Palavra, ainda deviam socorrer as necessidades dos pobres, de maneira especial as viúvas dos crentes de língua grega. Para não pôr em prejuízo a urgência de sua missão apostólica e nem pecar pela negligência contra a caridade, as colunas da Igreja primitiva solicitaram a criação deste oficialato na comunidade de fé.

As orientações dadas pelos apóstolos quanto ao perfil vocacional dos primeiros diáconos são impressionantes: “Homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” (At 6.3). Desde logo entendemos que a função diaconal não é um ministério que possa ser comissionado a qualquer homem e exercido por qualquer um. O ministério voltado para os pobres, necessitados, aflitos e marginalizados não pode ser exercido a não ser por homens que pela conduta da vida tenham autoridade moral, vida ilibada e que goze do prestígio dentro e fora da igreja. Deve ser alguém cujas intenções sejam claras para todos, um homem que não queira aparecer, autopromover-se ou levar algum tipo de vantagem social, financeira ou política. Deve ser alguém que os “poderosos” deste mundo respeitem, os homem de bem e de posse confiem, santos admirem e os pobres amem. Deve ser um homem cheio do Espírito Santo, piedoso, que demonstre pela vida a evidência do fruto do Espírito e possui discernimento espiritual. Não pode ser um homem dominado pelo pragmatismo e em busca de resultados pelos resultados. Antes, deverá encarar a sua função como parte inerente da mensagem do Evangelho.

Ainda que o socorro aos pobres não seja a proclamação do Evangelho em si, não há dúvidas de que a demonstração do amor desinteressado é um forte testemunho que recomenda a mensagem da cruz. Lucas registra que os diáconos eram homens sábios, isto é, experimentados na fé e na Palavra. Conheciam a mente de Deus e julgavam todas as coisas pelo crivo da Palavra de Deus e em tudo buscando a aprovação do Senhor. Também hoje essa qualificação é indispensável para o exercício do diaconato. Carecemos de homens sábios que saibam proceder bem para com os de fora, trabalhar com discernimento em parceria com outros atores sociais importantes como o poder público e as instituições que se preocupam com a responsabilidade social. Devem ter sabedoria de Deus para aproveitar as ocasiões de sofrimento e dor para promover a libertação e o resgate social e tomando todo cuidado para não fazer da assistência social uma isca para o proselitismo e a dependência paralisante dos assistidos.

 O diaconato é um oficialato nobre, sério, indispensável e em nada menor ou submisso ao presbiterado. São instâncias de serviço e de governo diferentes, com áreas e funções distintas, mas ambas desejadas por Deus e ambas necessárias ao rebanho. Os presbíteros devem continuar de alguma maneira alguns aspectos da função apostólica (não o ministério apostólico). Devem dedicar-se com zelo à oração e ao ensino da Palavra. No caso específico dos presbíteros regentes, à cura de almas nas visitações, na vigilância da disciplina eclesiástica e na aptidão para ensinar como modelos do rebanho e professores das Escrituras. Por força constitucional compõem o Conselho que administra a vida eclesial e civil da Igreja. Esta é a função precípua dos presbíteros.

Já os diáconos devem organizar a face social do Evangelho, a dimensão caritativa da proclamação da Palavra e a materialização do amor cristão em forma de socorro, alívio, solidariedade e promoção da justiça e do bem estar. Dentro e fora da igreja são como que os “procuradores” dos direitos e das necessidades dos pobres. E, também por força constitucional, cabe a eles a manutenção e o zelo da boa ordem no culto, bem como o zelo pelo espaço físico da comunidade. Penso que o final da ‘perícope’ onde surge o diaconato nas Escrituras reflete com exatidão o que acontece em uma Igreja quando presbíteros e diáconos eleitos segundo as orientações do Espírito exercem bem a sua função: “Crescia a Palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos...” (At 6.7).

Reverendo Luiz Fernando

É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

 

Fonte: Luiz Santos

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