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Itapira, 29 de Mar�o de 2024
Artigo
03/09/2018 | Luiz Santos: O Homem Espiritual

Parece sempre ter havido ao longo da história da igreja uma certa dificuldade em definir no que consiste ser um homem espiritual. Entenda-se por homem espiritual aquele que está cheio do Espírito Santo, que se deixa conduzir por ele, que vive sob a sua influência. Desde os dias da Igreja de Corinto, passando por Montano, os anabatistas, pietistas e as ondas pentecostais e carismáticas, parece que a tendência é a de considerar um homem cheio do Espírito aquele que o manifesta com carismas, dons extraordinários e sobrenaturais como falar em línguas estranhas, ter visões, revelações, sonhos, poder para curar, poder irresistível para desempenhar ministérios eclesiásticos e outras manifestações que beiram a bizarrice, como grunhidos, transes, rodopios e etc. Conquanto muitas dessas manifestações possam de fato indicar a presença do Espírito Santo, elas nunca traduzem exatamente o que é um homem espiritual. O homem que está enchendo-se continuamente do Espírito Santo, conforme ordenança apostólica em Ef 5.18, é o mesmo que produz o fruto do Espírito: “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5.22,23). Os que assim procedem, são aqueles que “andam pelo Espírito” (Gl 5.16). Paulo compara o “nível” de enchimento espiritual de cristãos que possuam muitos dons: “Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons. Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente” (1Co 12.31) e indica que há um caminho melhor a ser buscado, o caminho do amor: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará” (1Co 13.4-8). O homem espiritual é aquele que tem o seu caráter transformado pela graça mais do que alguém que possua muitos dons, ainda que impressionantes. Porque, de maneira misteriosa e difícil de explicar, é possível que um homem possua certos tipos de dons desassistidos ou desacompanhados da graça. É possível ainda que alguém não salvo, não espiritual, seja ornado de dons extraordinários, como no caso de Judas Iscariotes. Mas, é impossível que um homem verdadeiramente cheio do Espírito Santo não ande progressivamente em novidade de vida, pureza, busca da conformação com Cristo mortificando os seus instintos egoístas, ‘dominando’ seus impulsos e paixões, crucificando a sua mente e humilhando a sua inteligência em face do conhecimento de Cristo. O homem espiritual se encaminhará por um viver ético, abundante de Boas Obras que glorifiquem a Deus e abençoe o próximo. O homem em quem o Espírito fizer a sua morada será tomado por um agudo senso de inconformidade com toda a sorte de injustiça perpetrada pelos ímpios, não se calará diante das mentiras e falácias dos poderosos e se deixará mover por entranhas de compaixão e misericórdia em favor dos fracos, vulneráveis e desafortunados dessa vida. Quer sejam vítimas do sistema, quer por culpa própria cegados pelo pecado que os aprisiona. Espiritual é o homem que se interessa pelas coisas concretas da vida e pelos acontecimentos da história, que busca consciente e intencionalmente trazer a justiça do Reino de Deus para dentro das vicissitudes humanas, lutando para encarnar os valores do Rei nas engrenagens deste mundo. Valores como a sacralidade e a defesa da vida em todos os seus estágios, o direito à dignidade do trabalho honesto e o pão de cada dia assegurado em todas as mesas, a fundamental igualdade criatural e pactual entre o homem e a mulher e o direto de progredir na vida, como expresso no mandato cultural: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou, e lhes disse: "Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra" (Gn 1.27-28). Ao mesmo tempo, o homem cheio do Espírito, não se deixará conduzir ou levar acrítica e passionalmente por ideologias, projetos políticos, econômicos, educacionais e até religiosos, quando esses não puderem ser harmonizados com o Reino de Deus, antes julgará todas as coisas pelo crivo da verdade que é a Palavra de Deus. Por último e não menos significativo, espiritual é o homem que conhece, medita, cresce e se deixa comandar pelas Sagradas Escrituras, que é entre outras coisas (Logos Spermatikói), a semente do Espírito Santo.

Reverendo Luiz Fernando é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira

Fonte: Luiz Santos

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